Internautas e imprensa registraram enormes filas nas lojas; clientes afirmam priorizar qualidade do produto; entre dez entrevistados, dois criticaram a marca
| Imagem de efes por Pixabay |
Os estabelecimentos estavam cheios por causa do Natal, sendo que em dois havia fila que passava da porta. O atendimento era normal e não houve manifestação ou protesto. A empresa tampouco repassou orientações sobre o assunto aos funcionários, segundo os relatos à reportagem.
Fotos da Agência France Press também mostram filas na cidade do Rio de Janeiro.
O motivo da manifestação nas redes sociais é uma campanha da empresa, estrelada por Fernanda Torres, na qual a atriz afirma não desejar que o público comece 2026 "com o pé direito", mas "com os dois pés".
Entre 10 clientes ouvidos pela reportagem, cinco disseram que nem sequer viram o comercial. Entre os que viram, três disseram não se incomodar. Dois criticaram a empresa, mas um deles, ainda assim, comprou um calçado.
O aposentado Giácomo Bianchini, 72, que se descreve como um "autodeclarado bolsonarista", disse que não gostou da peça publicitária. "Comprei o chinelo por pressão da minha esposa."
Era um presente para o filho do casal. "Tentei encontrar sandálias da Ipanema, mas não encontrei", disse Bianchini.
Políticos como ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que associaram o conteúdo da propaganda a uma suposta posição ideológica da marca.
A repercussão extrapolou as redes sociais e chegou ao mercado financeiro. A Alpargatas, dona da Havaianas, registrou forte queda no pregão da B3 nesta segunda-feira (22), em meio à polêmica envolvendo a campanha publicitária.
A loja Calçados Guarani, de Brusque (SC), esgotou em menos de meia hora o estoque de chinelos da marca após colocar os pares à venda por R$ 1, em meio a um movimento de boicote impulsionado por apoiadores da direita nas redes sociais.
O empresário João Soares, 64, considera o protesto correto. "Não vou comprar essa marca e vou deixar de usar o que tenho em casa. Acho que foi um comercial desnecessário e não concordo com ele."
Também aposentada, Zuleica Maranhão, 69, disse que "acha isso tudo uma bobagem". "Todo mundo fala entrar com o pé direito ou entrar com os dois pés. É algo natural. Isso acontece por causa da polarização que estamos vivendo, nunca vi isso acontecer, nem na época da ditadura."
"Naquele tempo, vi amigos favoráveis à ditadura acolhendo pessoas que eram contrárias à ditadura. Tem de separar as coisas. Produto é produto, política é política. Vim aqui hoje e comprei um monte de chinelos para dar de presente para meus netinhos e meu marido", acrescentou.
O empresário Matheus Hermínio, 34, disse que gostaria que a propaganda fosse uma alfinetada explícita, desde que fosse na direita. "Para a propaganda incomodar, depende de qual lado a empresa ficou", afirmou.
No geral, os clientes dizem que a qualidade do produto é prioridade, antes da repercussão da propaganda da empresa.
Para o bancário Diego Silva, 36, o comercial foi bem sutil. "Vim aqui comprar um chinelinho para meu filho de um ano e meio, e isso é o mais importante para mim", disse Silva.
VIA… NOTÍCIAS AO MINUTO
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