Os dados são de estudo do Ipec, encomendado pelo FNCP (Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade)
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Os dados são de estudo do Ipec, encomendado pelo FNCP (Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade), e apontam que, enquanto a média nacional é de 32% (ou seja, de cada 100 maços de cigarro consumidos, 32 são ilegais), no Nordeste a participação chega a 43%.
Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte concentram os maiores índices. No Maranhão, o índice de cigarros vendidos ilegalmente chegou a 70%, o que significa, na avaliação do FNCP, uma arrecadação de R$ 356 milhões para o crime organizado e R$ 111 milhões em perdas de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços).
Piauí e Rio Grande do Norte têm 68% de seu mercado dominado pela ilegalidade. No Piauí, o prejuízo chegou a R$ 135 milhões no ano passado.
Estimativas do fórum indicam que o crime organizado movimentou cerca de R$ 9 bilhões com venda do cigarro ilegal no país no ano passado, gerando prejuízo de R$ 7,2 bilhões com evasão fiscal -os impostos superam 80% em alguns estados. Foram vendidos 34 bilhões de unidades de cigarro contrabandeado.
"Esse avanço se dá por uma combinação de fatores estruturais e estratégicos do crime organizado. Em primeiro lugar, a elevada carga tributária sobre os cigarros legais, que ultrapassa 70% do preço final, gera um forte incentivo econômico para o consumo de produtos ilegais, que nada pagam de impostos e chegam a custar menos da metade do valor de um produto legalizado", diz Edson Vismona, presidente do FNCP.
"Além disso, a região tem sido cada vez mais explorada por rotas alternativas de contrabando. Em particular, a rota do Suriname tem se consolidado como um corredor importante para o ingresso de cigarros contrabandeados para o Norte e Nordeste", completa.
Historicamente, o contrabando de cigarros se dava por via terrestre, partindo do Paraguai (Paraná e Mato Grosso do Sul) e seguindo pelas rodovias até os grandes centros de consumo. Com o aumento da fiscalização na tradicional rota, os criminosos diversificaram a entrada dos produtos ilegais no país.
Além da rota terrestre, os carregamentos chegam via Suriname e Guiana Francesa, depois de passarem por Bolívia e Chile, e se espalham pelo Nordeste. Apesar do aumento de custos, Vismona afirma que a prática segue rentável para as facções, que usam o contrabando como uma das principais fontes de financiamento.
"Em geral, o comércio de produtos ilegais está vinculado a uma série de outros tipos de crimes ainda mais graves, tais como o tráfico de armas, de munição e de drogas, lavagem de dinheiro, roubo, homicídios, sequestros."
Delegado da PF (Polícia Federal) em Mossoró, Igor Chagas esteve à frente de operações de combate ao contrabando desde 2019, e disse que há organizações especializadas no Pará, que vão ao Suriname em busca do contrabando e retornam ao Brasil pelo litoral.
"São braços do mar que entram aqui na cidade, e são pouco fiscalizados, locais ermos, então é muito favorável para eles fazerem esse tipo de ação aqui. E apesar de a gente ter feito esse combate, a gente sabe que continua. É muito lucrativo, muito rentável", disse.
O delegado Gilberto Pinheiro, chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários da PF no Rio Grande do Norte, concorda e disse que o estado tem um litoral grande, que facilita a atuação da criminalidade.
"Não é exclusivo [do Rio Grande do Norte], mas é uma grande porta de entrada. A arrecadação fiscal é um problema, claro, mas o entorno, os crimes violentos, é que maculam", disse.
O fato de o Nordeste concentrar algumas regiões de pobreza, segundo Vismona, contribui para que os consumidores utilizem cigarros paraguaios ou feitos em outros países, como Coreia do Sul.
"A diferença no preço entre o cigarro legal e o ilegal é uma distorção alimentada diretamente pela alta carga tributária. Isso cria uma vantagem competitiva para o produto contrabandeado, que, além de ser mais barato, não respeita nenhuma norma sanitária. Portanto, embora fatores socioeconômicos agravem o problema em regiões mais pobres, o contrabando de cigarros deve ser tratado como um desafio nacional, que alimenta, cada vez mais, o crime organizado e fragiliza a economia de forma sistêmica."
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