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terça-feira, 10 de maio de 2016

A história da frase “O Brasil não é um país sério” que o francês Charles de Gaulle nunca disse é mais divertida

Adicionar lAvenida Rio Branco, Rio, 1964: De Gaulle no Rolls Royceegenda

Leitores do Blog de Paris mencionaram em comentários a frase “Le Brésil n’est pas un pays serieux”  – “O Brasil não é um país sério” – popularmente atribuída a Charles de Gaulle. Como dizem em Portugal, vem muito bem a calhar em momentos recorrentes da história nacional. Ganha particular relevo se formulada pela figura mais respeitada da política francesa no século XX e reserva moral da velha democracia europeia. Sucede que, embora pudesse ter dito sem receber muita contestação embasada, De Gaulle nunca disse que o Brasil não era um país sério. O autor da frase é o diplomata brasileiro Carlos Alves de Souza Filho, embaixador do Brasil na França entre 1956 e 1964, genro do presidente Artur Bernardes.

Rolava o ano de 1962 e o contencioso entre o Brasil e França, conhecido como a Guerra da Lagosta – conflito em que, tal qual a famosa Batalha de Itararé, não se disparou um tiro nem rolou uma gota de sangue. O casus belli girava em torno da captura de lagostas por parte de embarcações de pesca francesas, em águas territoriais brasileiras, mais precisamente no litoral de Pernambuco. Alertado por pescadores brasileiros, a notícia chegou até o terceiro andar do Palácio do Planalto. O presidente João Goulart após reunião do Conselho de Segurança Nacional, mandou despachar para a região um formidável –  se considerado o tamanho da ameaça – contingente da Esquadra Nacional, apoiado pela Força Aérea Brasileira. De Gaulle, por sua vez, convocou o embaixador brasileiro para uma conversa no Palácio do Eliseu, sede do governo francês.

Detalhe: O episódio serviu para a imprensa francesa lançar um desses debates que embalam a França. A lagosta anda ou nada? Caso nadasse poder-se-ia considerar que estava em águas internacionais; caso andasse, estaria em território brasileiro, uma vez que se admitia à época que o fundo do mar pertencia ao Brasil. No debate diplomático, a tese francesa, naturalmente, sustentava que a lagosta nadava. Sem contato com o leito oceânico, poderia ser considerada como peixe. Portanto passível de ser pescada legalmente pelos franceses. O almirante Paulo Moreira da Silva, especialista da Marinha contrapôs os franceses com um argumento singelo: Se a lagosta fosse considerada peixe quando dá seus “pulos” se afastando do fundo submarino, então teria, da mesma maneira, que ser acatada a premissa do canguru ser uma ave, quando dá seus “saltos”.

Na noite que seguiu a conversa com De Gaulle, o embaixador Alves de Souza Filho foi convidado para uma festa na casa do presidente da Assembléia Nacional, Jacques Chaban-Delmas. Nota-se que a guerra não era tão séria assim. Na recepção, o embaixador foi interpelado por outro convidado brasileiro, o jornalista Luís Edgar de Andrade, correspondente do Jornal do Brasil em Paris. O correspondente assuntou o embaixador a respeito da conversa com De Gaulle em particular e sobre o quadro geral da crise. Alves de Souza Filho sempre achou o governo brasileiro inábil no trato da questão a nível diplomático. Chegou a mencionar durante o papo o “Samba da Lagosta”, de Moreira da Silva, e arrematou a conversa informal, off the records, no jargão jornalístico, com a famosa frase: “O Brasil não é um pais sério”. O embaixador  Carlos Alves de Souza relatou o caso em seu livro Um embaixador em tempos de crise (Livraria Francisco Alves Editora, 1979):   Continue lendo...

Fonte: Veja

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