Ele conta que o irmão, que trabalhava como "arbolito", oferecendo câmbio pela cotação blue (paralela), passou a fazer entregas de encomendas por aplicativo, pela falta de turistas com quem trocar dólares. "Parece que estamos sempre em uma gangorra, Argentina e Brasil, espero que nenhum dos dois caia", resume.
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Ele conta que o irmão, que trabalhava como "arbolito", oferecendo câmbio pela cotação blue (paralela), passou a fazer entregas de encomendas por aplicativo, pela falta de turistas com quem trocar dólares. "Parece que estamos sempre em uma gangorra, Argentina e Brasil, espero que nenhum dos dois caia", resume.
A falta de turistas na Argentina não é impressão. Nos quatro primeiros meses de 2025, o país recebeu 3,3 milhões de visitantes (uma queda de 25,4% ante o ano anterior). Enquanto isso, as viagens ao exterior dos argentinos e residentes no país aumentaram 67,6%, chegando a 8,4 milhões, de acordo com dados do Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos).
Apenas em abril, a Argentina teve um saldo negativo de 726,3 mil no turismo internacional: recebeu 699,3 mil visitantes (8,3% menos que no mesmo mês de 2024) enquanto 1,43 milhão de argentinos viajaram ao exterior (um aumento de 30,5%).
Nesse mês, 77,6 mil brasileiros viajaram ao país a turismo (queda de 18,2% em relação a um ano antes), enquanto 235,9 mil argentinos aproveitaram os preços mais baixos no Brasil, com um aumento de 59,1%. Os brasileiros agora estão atrás dos uruguaios entre os principais visitantes.
"No verão, o comerciante de Mar del Plata e de outras cidades do litoral argentino passou a oferecer pacotes a preço de custo para tentar segurar os turistas, mas não teve jeito", conta o agente de viagens Luciano Scharowski, 43. "Simplesmente não podemos competir com os preços do Brasil. Agora os donos de hotéis e restaurantes de Bariloche estão com medo do que vai acontecer no inverno."
No início do mês, o Indec divulgou, em uma vitória para o governo de Javier Milei, que a inflação no país havia sido de 1,5% em maio -o menor patamar em cinco anos. Os preços pararam de subir mês a mês na velocidade de antes, mas ficaram estacionados em um patamar elevado, na comparação em dólares.
Segundo um levantamento publicado pelos pesquisadores Marcelo Capello e Nicolás Cámpoli, da Fundação Mediterrânea - Ieral (Instituto de Estudos Econômicos sobre a Realidade Argentina e Latinoamericana), em uma cesta de 30 produtos -incluindo alimentos, serviços e bens duráveis- 90% dos preços eram mais altos em maio na Argentina que no Brasil, em uma comparação feita em dólares internacionais.
Em itens de alimentos e bebidas, o Brasil tem preços mais baixos em todos eles. A Argentina apresenta preços mais altos ao consumidor final em 48% dos produtos comparados com dez produtos em dez países.
Para bens duráveis, vestuário e calçados, a Argentina é mais cara do que o resto dos países analisados em 91% dos casos. No Brasil, apenas uma geladeira de 340 litros era mais cara do que no país vizinho.
Em serviços pessoais ou familiares (e bens relacionados a serviços dessa natureza), a Argentina é mais cara em 36% dos casos comparados. Os preços são mais altos do que os do Brasil em 80%.
As comparações com preços de outros países usam, em sua maioria, a base de dados da plataforma Numbeo, que compara o custo de vida em diferentes países combinando dados gerados por usuários e pesquisas em sites de supermercados, empresas de táxi e instituições governamentais. Os preços se referem a 15 de maio deste ano.
Outra ferramenta usual para comparação de preços é o índice Big Mac, que mostra que o preço do Big Mac na Argentina é de US$ 7, apenas inferior ao da Suíça (US$ 8).
Em abril, o governo levantou as restrições para a compra de dólares por pessoas físicas (o "cepo") e instituiu um regime de bandas, em que a moeda passou a flutuar na cotação oficial, inicialmente de 1.000 a 1.400 pesos argentinos. Na última quarta-feira (18), a moeda estava cotada para venda a 1.180 pesos.
Se por um lado o controle da inflação é o principal ativo do governo Milei, os autores lembram que a Argentina ainda enfrenta desafios para atrair dólares, com a escassez de reservas sendo um problema crônico no banco central.
"Atualmente, a Argentina apresenta uma taxa de câmbio baixa, o que pode continuar devido ao aumento das exportações de energia e mineração. Essa maior oferta de dólares e a expectativa de um equilíbrio fiscal podem levar a uma valorização da moeda local", diz o estudo.
Segundo os pesquisadores, a taxa de câmbio real da Argentina em maio de 2025 está 30% abaixo da média dos últimos 25 anos. "Isso não indica necessariamente instabilidade futura, pois as exportações de petróleo e gás podem manter essa paridade baixa", ponderam.
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