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sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Verão deve ser mais chuvoso e com temperaturas abaixo da média no estado de São Paulo

Meteorologistas indicam que a capital deve ter precipitação abaixo da média e sem ondas de calor; previsão também aponta otimismo na recuperação dos reservatórios de água da Grande São Paulo

© Paulo Pinto/Agência Brasil/Arquivo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após uma primavera mais seca do que o esperado no estado de São Paulo, que deixou os reservatórios de água da região metropolitana da capital em um nível crítico, o verão começa às 12h03 deste domingo (21) com a previsão de ser mais chuvoso e com temperaturas mais baixas do que a última estação.

Os meteorologistas ouvidos pela Folha destacam que este verão vai ser bem diferente do que os paulistas viveram no início de 2025. O primeiro ponto é que as ondas de calor acima dos 35°C que foram frequentes no ano passado não devem aparecer agora.

O motivo para isso é a substituição de dois fenômenos climáticos, que alteram o clima em todo o planeta. O El Niño, que deixa a região Sudeste mais quente e seca, deu lugar ao La Niña, que provoca efeitos opostos.

Segundo Desirée Brandt, sócia-executiva e meteorologista da Nottus, quando a primavera está sob efeitos do La Niña, a chuva atrasa um pouco, porque a atmosfera está mais fria e acaba faltando energia no sistema. Assim, não há potencial para formação de nuvens mais carregadas de forma mais persistente.

Desta vez, porém, o La Niña favorece outro fenômeno climático, a Zcas (Zonas de Convergência do Atlântico Sul), um sistema que aparece normalmente durante o fim da primavera e o verão e se caracteriza pela formação de um corredor de umidade (e nuvens carregadas) da amazônia até a região Sudeste.

"A Zcas é um fenômeno comum no verão, e em anos de La Niña eles são mais atuantes. Dezembro já está se mostrando com uma característica bem chuvosa. Os modelos estão convergindo para essa condição, com chuva de encher reservatório mesmo", diz Nadiara Pereira, meteorologista da Climatempo.

Brandt explica que neste cenário o ar que circula nos níveis mais altos da atmosfera, a cerca de 10 km de altitude, são atraídos pelo sistema conhecido como Alta da Bolívia, que gira no sentido anti-horário e concentra a umidade, formando frentes frias mais potentes.

"A Alta da Bolívia, com vórtices anticiclônicos, cria a engrenagem que determina a posição da frente fria. Quanto mais perto estiver da gente, mais a chuva se encaixa aqui no Sudeste, e é isso o que estamos observando", diz Brandt.

Guilherme Borges, meteorologista da startup de monitoramento climático FieldPro, chama a atenção para um detalhe que os modelos meteorológicos estão apontando: a fronteira das grandes tempestades provocadas pelo Zcas.

"A gente vê a posição dessas zonas de convergência mais acima, não pegando tanto em cheio o estado de São Paulo, mas o sul de Minas Gerais e o norte de São Paulo. Quando olhamos especificamente para a capital paulista, a gente vê chuva abaixo da média, oscilatória", diz Borges, enfatizando que, apesar de a cidade de São Paulo ter essa previsão de precipitação abaixo do esperado, deve chover acima da média nas regiões em volta, onde ficam os reservatórios de água que alimentam o Sistema Integrado Metropolitano (SIM), responsável pelo abastecimento da região metropolitana de São Paulo.

No fim das contas, a previsão é otimista quanto à recuperação dos níveis do sistema. Nesta quinta-feira (18), o nível do SIM estava em 27%, demonstrando leve alta nos últimos dias, devido às chuvas recentes. Os sistemas Cantareira e Alto Tietê, responsáveis por 80% do SIM, estavam com 20,7% e 20,4%, respectivamente.

"Sobre os mananciais, vejo a recuperação como positiva, mas vai demorar, porque eles estão em situação crítica. Como o Cantareira é composto por vários reservatórios, essa região está com sinal bastante interessante para chuva. Talvez esses reservatórios interligados vão melhorar o Cantareira, mas, na capital, a previsão é de precipitação menor", diz Borges.

Ele destaca que os modelos climáticos apontam que no município de São Paulo a previsão de chuva deve ficar 75 mm abaixo da média no geral em todos os meses do verão. Já no Vale do Paraíba, por exemplo, a expectativa é de chuva entre 75 mm e 150 mm acima da média mensal.

É importante destacar, porém, que qualquer chuva de verão pode provocar enchentes e alagamentos, principalmente, em cidades onde a permeabilidade do solo é pequena.

E como o céu deve ficar mais tempo nublado durante o verão, a previsão é que isso bloqueie grande parte da radiação solar, fazendo com que a temperatura fique abaixo da média na estação. É por este motivo que os meteorologistas descartam as ondas de calor como as de 2024.

Eles deixam claro, entretanto, que haverá períodos de calor típico do verão entre as fases generalizadas de chuva, com o aparecimento do sol, mas não na mesma intensidade das ondas de calor. "O verão será ótimo para quem gosta de temperaturas mais amenas, não tão elevadas", diz Borges.

"Em vários dias, a sensação será de 'cadê o verão?', porque a falta de sol impede que a temperatura suba", completa Brandt.

No último verão, as temperaturas médias na capital paulista ficaram acima do esperado, principalmente em fevereiro e março. Segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas) da Prefeitura de São Paulo, a máxima esperada para fevereiro era 29,3°C, mas foi 31,3°C. Em março, a média era 28,4°C, foi 29,7°C.

Devido a esse cenário, a Defesa Civil do Estado de São Paulo já iniciou a Operação Chuvas 2025/2026 com o uso do painel de inteligência SP Sempre Alerta, ferramenta que integra dados meteorológicos em tempo real e com inteligência artificial, o que eleva a capacidade de previsão e acelera a tomada de decisão diante de cenários extremos. "Com tecnologia avançada e visualização dinâmica das condições climáticas, o painel amplia a eficiência do monitoramento em todo o estado", afirma o órgão.

Os outros estados do Sudeste também devem ter chuva acima da média no verão. Segundo Desirée Brandt, as projeções indicam períodos mais longos de nebulosidade e chuva persistente no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. No Sul, por outro lado, a previsão é de chuva mais espaçada, o que fará com que a temperatura fique acima do normal.

"De forma geral, o calor será mais garantido no Sul do que no Sudeste, embora também haja momentos de sol e aquecimento nas capitais sudestinas. Este ano, teremos um verão de grande variabilidade, que exige acompanhamento constante das previsões de curto prazo", avalia a meteorologista da Nottus.

VIA… NOTÍCIAS AO MINUTO 

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