O estudo ouviu passageiros do transporte em Bogotá, Buenos Aires, Cidade do México, Guadalajara (México), Guaiaquil (Equador), Montevidéu, Rio de Janeiro, Santiago e São Paulo
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O estudo ouviu passageiros do transporte em Bogotá, Buenos Aires, Cidade do México, Guadalajara (México), Guaiaquil (Equador), Montevidéu, Rio de Janeiro, Santiago e São Paulo no fim de abril, e foi feito pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) em parceria com o aplicativo Moovit.
Em São Paulo e no Rio de Janeiro, apenas 3% disseram pensar em deixar o transporte público. Já em Guaiaquil, no Equador, cidade duramente afetada pela Covid, 19% responderam que não querem voltar.
"As cidades brasileiras que participaram da pesquisa apresentaram os maiores números de pessoas que continuam utilizando o transporte público durante a pandemia, principalmente para trabalhar", comenta Morgan Doyle, representante do BID no Brasil.
"Isso ocorre porque no Brasil a maior parte dos usuários de transporte público são das classes mais vulneráveis economicamente, correspondendo a 53,8% na classe C e 60,8% nas classes D e E. Essa população, principalmente na crise, precisa continuar trabalhando e normalmente seus trabalhos não podem ser executados em home office", prossegue.
No estudo, São Paulo e Rio de Janeiro apresentam maior percentual de viagens por motivo de trabalho, com 80% e 79%. Buenos Aires e Montevidéu ocupam a terceira e quarta posição, com 77,45% e 77,04%, valores próximos à média de 77%.
"As duas cidades brasileiras também figuram entre a maior parte dos entrevistados que afirmou ter usado o transporte recentemente, o que pode ser associado ao isolamento mais flexível adotado por essas cidades", avalia Doyle.
O levantamento mostrou também que 86% dos entrevistados relataram piora no serviço nesse período, como atrasos e cortes de trajetos.
O setor de transporte público enfrenta uma crise. Quase todas as cidades que adotaram medidas de isolamento viram o número de passageiros cair mais de 70% a partir de março. Sem o dinheiro das tarifas, faltam recursos para manter o sistema operando.
Secretários de transporte avaliam que levará muitos meses para que a situação volte ao normal. Assim, gestores e especialistas debatem a criação de taxas sobre motoristas e empresas, que seriam revertidas para financiar as redes públicas.
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