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sábado, 29 de maio de 2021

Apoiadores de Bolsonaro impedem campanha de outdoors contrária ao presidente em Mato Grosso

 

Sinop é um dos principais redutos bolsonaristas do Centro-Oeste, onde o presidente teve 77,38% no segundo turno da eleição de 2018

© Getty


A instalação de nove outdoors críticos à gestão do presidente Jair Bolsonaro em Sinop (MT), pagos por um grupo de entidades locais, foi impedida por ação de apoiadores do governo.

As peças, com três mensagens diferentes, começaram a ser colocadas na manhã de quinta-feira (27), mas a instalação precisou ser interrompida após a intimidação de bolsonaristas.
Elas tinham textos e imagens críticos ao presidente, em temas como economia e combate à pandemia. Foram planejadas para ficar em locais estratégicos da cidade.

Uma delas, colocada ao lado do cemitério, dizia: "Cemitérios cheios, geladeiras vazias; governo ruim não salva vidas nem a economia", ao lado de uma foto do presidente.

Em outra, o presidente aparece ao lado do preço de produtos como gás de cozinha, arroz e gasolina, que registraram aumentos nos últimos meses.
A terceira faz referência aos motoristas de caminhão, categoria estratégica na cidade, um dos principais centros do agronegócio no Brasil: "Motorista, Bolsonaro te enganou! O combustível não para de subir e o frete aumentou".

Sinop é um dos principais redutos bolsonaristas do Centro-Oeste, onde o presidente teve 77,38% no segundo turno da eleição de 2018.

A campanha foi promovida por duas entidades de professores estaduais, a Adufmat, que reúne docentes de universidades federais, e a Adunemat, de instituições de ensino superior estaduais, além de uma nacional, a Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior).

Também participou o coletivo feminista Sinop Para Elas, além de políticos locais de esquerda. Eles se cotizaram para pagar R$ 6.000 pelos outdoors.

A empresa contratada foi a MT Painéis, com 12 anos de experiência no ramo. Das 9 peças, 7 chegaram a ser colocadas, e as outras 2 tiveram sua instalação impedida por um carro que interceptou a equipe que fazia o serviço.

Um dos responsáveis pela empresa de outdoors, que não quis ter o nome divulgado, diz que, pouco tempo após os primeiros cartazes serem colocados, ele e outros representantes começaram a receber telefonemas de pessoas em tom agressivo.

"Elas diziam que a gente ia se queimar no mercado, e que esses outdoors tinham que ser tirados imediatamente", declarou.

Um dos outdoors chegou a ter sua base cortada com uso de uma serra elétrica, e depois foi derrubado, causando um prejuízo de R$ 1.500.
Um vídeo filmou o ato de vandalismo.

Assustados com a pressão, os donos da MT Painéis entraram em contato com as entidades que promoveram a campanha dizendo que seriam obrigados a suspendê-la e se prontificaram a devolver o valor desembolsado.

Na tarde de quinta-feira, os outdoors, que haviam sido instalados poucas horas antes, foram pintados com tinta branca pela própria empresa, uma vez que descolar o papel colado é inviável.

O responsável pela empresa afirma que nunca passou por situação semelhante. "A gente apenas faz a veiculação. Qualquer cliente a gente atende, independente de partido, religião etc. Como profissional a gente não faz seleção nenhuma", diz.

Assustada, a empresa não pretende fazer boletim de ocorrência. "Somos uma família tradicional. Nunca precisamos pisar em ninguém. A gente nota que isso está virando uma guerra, as pessoas têm que refletir e pensar mais no próximo, ter mais amor e menos ódio", afirmou.

Professor de ecologia da Universidade Federal do Mato Grosso e um dos responsáveis pela campanha, Gustavo Canale diz que as entidades se solidarizam com a empresa de outdoors.

"Sabemos do poder de pressão dos empresários locais sobre a empresa. Para nós, é muito mais o dano moral e o cerceamento da nossa liberdade. Queremos que os outdoors sejam colocados", diz.
As entidades ainda estão decidindo quais medidas jurídicas e policiais pretendem tomar para identificar os responsáveis pelas ameaças e pela vandalização do outdoor.

Única vereadora mulher e de esquerda da cidade, Professora Graciele (PT), que é apoiadora das entidades responsáveis pela campanha, diz ter recebido ataques e ameaças via redes sociais.

"Uma mais agressiva me chamou de vagabunda e disse que petista não se cria nessa cidade", afirmou. Ela decidiu fazer boletim de ocorrência e acionar o Ministério Público para que investigue o caso.
O episódio foi criticado pela regional mato-grossense da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

"A Constituição estabelece como direito fundamental em uma sociedade democrática a livre manifestação. É um direito básico, conquistado após uma árdua luta após um período ditatorial", disse o presidente da OAB-MT, Leonardo Campos, em entrevista ao portal local PNB Online.

Não é o primeiro exemplo de agressão à liberdade de expressão na cidade. Em 2019, um grafite da ativista ambiental sueca Greta Thunberg em um viaduto de Sinop foi pichado e teve de ser removido.

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