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segunda-feira, 24 de maio de 2021

Ditadura belarussa força avião a pousar para prender jornalista, diz oposição

 

Protasevich, editor do canal informativo Belamova, voava para Vilnius no avião da Ryanair, após cobrir uma visita a Atenas da líder oposicionista belarussa Svetlana Tikhanovskaia

© Getty Images

BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - Numa manobra cinematográfica, a ditadura belarussa desviou para o aeroporto de Minsk um avião da Ryanair que ia da Grécia à Lituânia neste domingo (23). A operação envolveu uma suspeita falsa de explosivo a bordo e a escolta do Boeing 737-800 por um caça aéreo.


Segundo opositores, a operação foi comandada pelo ditador Alexandr Lukachenko, para prender Roman Protasevich, 26, um jornalista crítico de seu regime.
Protasevich, editor do canal informativo Belamova, voava para Vilnius no avião da Ryanair, após cobrir uma visita a Atenas da líder oposicionista belarussa Svetlana Tikhanovskaia. De acordo com jornalistas e passageiros do voo, ele foi preso em Minsk.

A informação chegou a ser confirmada pelo Ministério do Interior belarusso em canal oficial em aplicativo, mas o post foi apagado.

Segundo a agência de notícias oficial Belta, foi Lukachenko quem ordenou pessoalmente que um caça MIG 29 escoltasse o voo civil até o aeroporto de Minsk. "O presidente deu uma ordem inequívoca para fazer o avião dar meia-volta e pousar."

Em nota, a Ryanair disse que a tripulação foi avisada de uma "ameaça potencial à segurança a bordo" pelo controle de tráfego aéreo da Belarus, e instruída a desviar o voo para Minsk. Após vistoria, nada foi encontrado e o voo foi retomado cinco horas depois, afirmou a companhia aérea, sediada na Irlanda.

O comunicado da Ryanair também não menciona o destino de Protasevich, um dos 170 passageiros a bordo do voo FR 4978. "Ele foi levado para fora do avião e seus pertences, jogados na pista", relataram viajantes, segundo o principal assessor de comunicação de Tikhanovskaia, Franak Viacorka.

A amigos, Protasevich contou em mensagens na manhã deste domingo que um estranho havia tentado fotografar seus documentos na fila de embarque do voo para Vilnius. Segundo testemunhas, assim que o avião entrou no espaço aéreo belarusso, agentes da KGB, polícia secreta belarussa, pressionaram a tripulação do voo a desviar para Minsk.

Passageiros dizem que o blogueiro "entrou em pânico ao perceber que seria detido e afirmou que enfrentaria a pena de morte". De acordo com a mídia belarussa, ele é acusado de liderar desordem em massa, perturbação da ordem social e incitação ao ódio social, com penas de até 15 anos de prisão.

O jornalista é cofundador e ex-editor de um dos principais canais informativos belarussos, o Nexta, banido pela ditadura em outubro do ano passado após ser considerado extremista. Protasevich e outros integrantes do canal foram incluídos numa lista de terroristas pela KGB. Após ameaças, ele saiu do país e morava na Lituânia.

O Nexta Live foi a fonte de informação mais popular durante os atos contra Aleksandr Lukachenko, reeleito em agosto do ano passado, em pleito considerado fraudado. O serviço tinha 1,9 milhão de assinantes quando foi proibido. Apesar das ameaças, o canal continuou ativo, sob o nome de Hexta, editado na Polônia, pelo blogueiro bielorrusso Stepan Svetlov, também acusado de terrorismo.

"A partir de agora, ninguém voando sobre a Belarus pode estar seguro", escreveu Tikhanovskaia em rede social. Ela e Viacorka fizeram este mesmo voo há pouco tempo, afirmou o assessor de comunicação: "Tivemos sorte de chegar ao destino. O espaço aéreo belarusso tem que ser evitado e os responsáveis devem ser punidos".

Os dois mais poderosos países da União Europeia, Alemanha e França, condenaram o desvio do voo, chamado de "ato de terrorismo de Estado sem precedentes" pelo primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki.

"O incidente não ficará sem consequências", afirmou Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, que reúne os líderes dos 27 países-membros do bloco europeu. "Apelo às autoridades da Belarus que libertem imediatamente o passageiro detido e garantam plenamente os seus direitos", declarou em nota. Segundo Michel, os líderes da UE vão discutir o evento "sem precedentes" nesta segunda.

"Qualquer violação das regras de transporte aéreo internacional deve ter consequências", escreveu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que considerou o desvio do voo "inaceitável".

A primeira-ministra lituana, Ingrida Simonyte, afirmou que o regime belarusso colocou passageiros e tripulação em perigo. "A aterrissagem forçada de um avião comercial para deter um jornalista é um ato chocante e sem precedentes", escreveu o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis.

O CPJ (Comitê de Proteção aos Jornalistas) também se afirmou "chocado" com a ação deste domingo, "embora o governo de Aleksandr Lukachenko venha estrangulando cada vez mais a imprensa na Belarus, detendo, multando e expulsando jornalistas e os condenando a penas de prisão cada vez mais longas", afirmou

Desde que assumiu pela sexta vez a presidência da Belarus, Lukachenko impôs uma repressão violenta. Mais de 30 mil manifestantes foram detidos, entre jornalistas, políticos opositores, ativistas de direitos civis e cidadãos que participam de protestos.

Ao menos quatro morreram nos primeiros dias de protestos pós-eleições; mais de 500 casos de tortura foram documentados. A ditadura abriu 2.300 processos criminais contra oponentes políticos, ativistas e manifestantes, e há 377 presos políticos, segundo a entidade de direitos humanos Viazna.

Com o aumento da violência policial, opositores da ditadura optaram por uma "guerrilha branca", com microatos e eventos culturais pela internet.

A imprensa foi alvo de repressão desde o início dos protestos, na noite da eleição. Jornalistas belarussos e estrangeiros foram espancados e detidos enquanto trabalhavam na cobertura, credenciais de correspondentes estrangeiros foram revogadas e eles foram expulsos do país.

A ditadura também fechou mais de 70 sites de veículos de informação e entidades de direitos civis e, neste ano, duas jornalistas de TV foram condenadas a dois anos de prisão por cobrirem protestos e uma repórter investigativa, por publicar informação que desmentia versão oficial sobre morte de um manifestante. Na semana passada, o principal site jornalístico independente do país, o Tut.by, foi bloqueado.

Segundo a Associação de Jornalistas da Belarus, 521 jornalistas foram presos desde então, dos quais 28 ainda estão na cadeia, 11 deles sob acusações criminais.

VIA...NOTÍCIAS AO MINUTO

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