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quarta-feira, 22 de julho de 2020

Minas Gerais enfrenta interiorização da pandemia de coronavírus

Ao invés de descer depois de atingir o ponto alto da curva o Estado deve seguir com padrão alto de casos, na mesma média, por algum tempo.

© Shutterstock
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - Vinte dias depois de passar a marca de mil mortes pelo novo coronavírus no estado, Minas Gerais dobrou a estatística. Nesta segunda-feira (20), o estado chegou a 2.004 mortes e 94.132 casos confirmados.


Apesar de uma média total de 9,5 mortes por 100 mil habitantes, baixa se comparada aos outros estados do Sudeste – Rio de Janeiro (70,4), Espírito Santo (56,1) e São Paulo (43,1) – ou à média nacional (38,1), nos primeiros 20 dias de julho, Minas registrou em média 52 mortes por dia e 2.339 novos casos.
Passada a data prevista para o pico da curva, 15 de julho, o estado parece ter entrado em um platô: ao invés de descer depois de atingir o ponto alto da curva, deve seguir com padrão alto de casos, na mesma média, por algum tempo.
A estabilização começou a ser desenhada na semana entre os dias 5 e 11 de julho, segundo o pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e coordenador do InfoGripe Marcelo Gomes. O cenário ainda é preocupante já que, historicamente, Minas costuma registrar maior volume de casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) no inverno.
"Minas ainda está numa fase de crescimento, dando recém os primeiros sinais de uma possível estabilização, mas entrando em um período do ano que, em função do clima, é preocupante para síndromes respiratórias", explica ele.
Na quinta-feira (16), mesmo dia que o governador Romeu Zema (Novo) esteve em Uberlândia e outros dois municípios para entregar respiradores para a rede pública, o prefeito Odelmo Leão (PP) anunciou em suas redes sociais: "Temos apenas dois leitos de UTI disponíveis na rede pública de saúde. Na rede particular, são nove". Pelo boletim do dia, 97% dos leitos municipais de UTI estavam ocupados.
A segunda cidade mais populosa de Minas Gerais, com 691 mil habitantes, vive um dos epicentros da pandemia do novo coronavírus no estado. Com a interiorização crescente, cerca de 90% dos 853 municípios mineiros já registraram casos.

Até esta segunda, 772 municípios haviam tido ao menos um caso confirmado e 343 ao menos uma morte pela Covid-19.
"Já estamos, praticamente, no intervalo do jogo. Já estamos indo agora, talvez, para o segundo tempo, com a consciência de termos feito o melhor que estava ao nosso alcance", afirmou Zema em Uberlândia.
A pequena Frei Lagonegro, com 3.400 habitantes, foi um dos municípios que registrou os primeiros casos na semana passada, quatro meses depois do início da pandemia. Os dois casos confirmados são um casal, que contraiu o vírus em Betim, região metropolitana de BH, a 387 km de distância.
A prefeitura rastreou pessoas com quem eles tiveram contato e monitora a situação. As três entradas do município seguem com barreiras sanitárias, em horários de pico, dando orientações a quem chega e medindo temperatura.
Uma pesquisa conduzida na UFV (Universidade Federal de Viçosa) mostra que, diferente da maioria dos estados, em Minas, a pandemia não seguiu o caminho direto de um início na capital e migração para o interior. O estado teve vários pontos de epidemia, com influência importante de estados vizinhos como Rio de Janeiro (em Juiz de Fora) e São Paulo (em Uberlândia).
"Houve o processo de interiorização que eu chamo de multifocal. Não foi só Belo Horizonte e espalhando pelo estado, mas teve vários focos e espalhando para cidades menores", explica o professor do departamento de Física, Sílvio Ferreira.
Entre os municípios ainda sem casos ou mortes até o momento está São Tomé das Letras, no sul do estado, que fechou a entrada para pessoas de fora logo no início da pandemia e não tem previsão de abrir.A taxa de ocupação de leitos e os números de casos em cidades vizinhas fizeram o município manter o fechamento – para moradores, o comércio segue funcionando.
Com cerca de 7.000 habitantes e destino de muitos turistas de São Paulo, a cidade costumava receber uma média de 5.000 visitantes por fim de semana. Em feriados, chegava a ter entre 25 mil e 30 mil pessoas de fora.
O cenário heterogêneo da pandemia em Minas pode ser observado ainda pelos índices de isolamento social e as medidas adotadas pelas prefeituras.
Em Poços de Caldas, onde os casos e mortes passaram de 12 e 2, respectivamente, no fim de abril, para e 294 e 8 no meio de julho, o índice de isolamento passou de 46% no dia 15 de abril para 38% em 15 de maio, 36% em 15 de junho e 33,9% na última quarta-feira (15).
Belo Horizonte, que recuou na flexibilização das atividades depois de aumento de casos, viu o isolamento passar de 47% no dia 15 de abril para 38% em 15 de junho. A média da capital ainda está acima do estado – no dia 15 de julho, era de 37,5% em Minas, o 5º pior índice do país, enquanto BH registrava 39,9%.
Os dados são da InLoco, que faz rastreamento de dados de geolocalização de celulares de cerca de 60 milhões de usuários no país, 35 milhões deles sempre ativos. A curva de isolamento social em Minas Gerais vem caindo, segundo a gerente do projeto do Índice de Isolamento Social da empresa, Luiza Botelho.
No estado, há dados coletados de 3,2 milhões de pessoas. A empresa não divulga o número de aplicativos usados para o levantamento, nem os nomes, mas diz que há apps dos setores de varejo e entrega entre eles e que os dados são usados com consentimento dos usuários.
Um estudo conduzido pela UFMG em parceria com a UFRN (Rio Grande do Norte), com base em dados da InLoco, avalia o impacto do isolamento em aumento de casos no interior.
"O fato de as pessoas não terem adotado isolamento, como na capital, deixa esses municípios muito vulneráveis. Agora a gente está vendo essa relação entre crescimento de casos em cidades pequenas e isolamento social", aponta o professor do departamento de Sociologia da UFMG Marden Campos.
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