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segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Mulher em Cabul. "Terei de queimar os últimos 24 anos da minha vida"

 

Milhares de afegãos, em Cabul, tentam fugir do país e muitos dirigiram-se para o aeroporto internacional onde a situação é caótica

© Paula Bronstein /Getty Images

A entrada das forças talibãs em Cabul, no domingo, tem implicações para todo o país, mas há uma faixa da população que fica particularmente vulnerável: as mulheres e as meninas, que, assim como aconteceu na primeira ocupação do movimento radical, serão colocadas estritamente ao serviço da família (do homem) e impedidas de ter acesso à educação.

Uma residente em Cabul, estudante, escreveu um artigo para o The Guardian, onde descreveu os acontecimentos de domingo, flagrada de surpresa à ida para a faculdade. Foi avisada para fugir, porque os talibãs estavam já na cidade e iriam bater nas mulheres que estivessem sem burca (cobertura facial).

"Queríamos ir para casa, mas não podíamos usar os transportes públicos. Os motoristas não nos deixavam entrar nos carros, porque não queriam a responsabilidade de transportar uma mulher", explicou a senhora, que não foi identificada.

Enquanto tentava fugir, alguns homens riam do desespero das mulheres: "Corre e põe o chadari [burca]"; "São os vossos últimos dias nas ruas"; "Um dia, ainda me caso com quatro de vocês".


A mulher replica, também, as palavras da irmã, que trabalhava num escritório. "Desliguei o computador com o qual ajudei o meu povo e comunidade durante quatro anos com muita dor. Deixei a mesa com lágrimas nos olhos e disse adeus às minhas colegas. Percebi que foi o último dia no meu trabalho".

Com "dois cursos a ser tirados em simultâneo nas duas melhores universidades do Afeganistão", a mulher indica que naquele domingo acabou tudo. "Trabalhei dia e noite para me tornar na pessoa que sou hoje, e esta manhã, quando cheguei em casa, a primeira coisa que eu e as minhas irmãs fizemos foi esconder os nossas carteiras de identidade, diplomas e certificados. Foi devastador".

"Agora, terei de queimar tudo o que consegui nos últimos 24 anos da minha vida. Ter carteira de identidade ou prêmios da universidade americana é arriscado, agora", disse, acrescentando que já não existem empregos para mulheres no Afeganistão.

"Nunca esperei que ficássemos privadas dos nossos direitos básicos de novo e que regredíssemos 20 anos", escreveu.

Recorde-se que, no domingo, depois de o presidente Ashraf Ghani ter abandonado o Afeganistão, os talibãs entraram em Cabul e colocaram fim a uma campanha militar de duas décadas em que os Estados Unidos e aliados, incluindo Portugal, tentaram transformar o país, sem êxito. As forças de segurança afegãs, treinadas pelos militares estrangeiros, colapsaram.

Milhares de afegãos, em Cabul, tentam fugir do país e muitos dirigiram-se para o aeroporto internacional onde a situação é caótica.

VIA...NOTÍCIAS AO MINUTO

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