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terça-feira, 16 de agosto de 2022

Bivar admite conversas com PT e sinaliza oposição da União Brasil a Bolsonaro

 

O deputado federal foi pré-candidato ao Palácio do Planalto até 31 de julho, quando anunciou que deixaria a corrida e buscaria a reeleição à Câmara dos Deputados.

© Reuters

(FOLHAPRESS) - O presidente da União Brasil, Luciano Bivar, sinalizou defender que o partido se posicione contra Jair Bolsonaro (PL) em um eventual segundo turno entre o atual presidente e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Claro que a União Brasil se posiciona. Não é no segundo turno, posiciona-se hoje. Ela é a favor da democracia", afirmou o dirigente, para quem há ameaça de ruptura institucional no país.
Em entrevista à reportagem, Bivar admitiu ter mantido conversas com o PT, mas refutou que a aproximação tenha sido a razão que o levou a desistir da disputa pela Presidência.

O deputado federal foi pré-candidato ao Palácio do Planalto até 31 de julho, quando anunciou que deixaria a corrida e buscaria a reeleição à Câmara dos Deputados. Em seu lugar, lançou a senadora Soraya Thronicke.

Integrantes da cúpula da União Brasil dizem que Bivar chegou a negociar internamente o endosso do partido a Lula sob promessas de apoio do petista para a reeleição do deputado e para a busca de uma posição de destaque no Congresso. Bivar nega.

A União Brasil é resultado da fusão entre o DEM, um adversário histórico do PT, e o PSL, sigla fundada por Bivar e pela qual Bolsonaro foi eleito em 2018.
*
PERGUNTA - Por que o sr. desistiu de disputar a Presidência?

LUCIANO BIVAR - Não é que eu desisti. A União Brasil continua com uma candidatura própria, como sempre falei. Até então a gente tinha um nome a definir. Soraya é uma mulher qualificada, competente, senadora da República. A gente já vinha caminhando pelo Brasil todo. Talvez foi um sentimento da União Brasil que seria melhor eu na Câmara do que como candidato à Presidência.P - Essa decisão foi tomada, segundo relatos de bastidores, após conversas do sr. com o PT.

O sr. chegou a conversar internamente sobre a possibilidade de a União apoiar Lula?

LB - Isso tudo é especulação. A conversa que tive com o PT tive com todos os partidos, inclusive com o partido do presidente [Bolsonaro, o PL]. Isso não faz nenhuma diferença. Não posso entender que isso tenha algum vínculo com a minha desistência. Muito pelo contrário. A União Brasil continua, e, como sempre disse, será protagonista desta eleição.

P - Como foi a conversa que o sr. teve com Lula?

LB - A conversa que eu tive com o PT, como com o PL, como com o presidente atual, com todos, é sempre em cima de coisas propositivas para o Brasil. Nada diferente disso. Cada um tem sua candidatura. Temos que nos preocupar com o Brasil.

P - Mas ele chegou a pedir para o sr. retirar a candidatura ou fazer gestões no partido para apoiar a candidatura dele?

LB - Jamais ele me pediu isso. Não é da personalidade dele me fazer uma proposta dessa. Eu não tive conversas só com Lula, eu tive conversas com interlocutores. A minha família é muito grande. São 56 deputados, dez senadores, 13 candidatos ao governo, eles conversam entre si.

P - Com o Lula o sr. não esteve pessoalmente?

LB - Já estive várias vezes com o Lula pessoalmente. Recentemente, não. Durante todo esse período de campanha a gente tem tido contato.

P - Mas o sr. conversou com Lula no último mês?

LB - Se um dia chamar vocês para jantar em São Paulo e alguém perguntar se estive com vocês, quem tem que falar isso é vocês. Não sou inconfidente.

P - Não ficou uma chateação do sr. pela forma como Bolsonaro saiu do partido?

LB - Isso foi há três anos. Ele saiu porque nós temos diferenças. Eu entendo que a gente tem que preservar a democracia no Brasil a qualquer preço. Qualquer coisa que possa arranhar isso não soa bem.

P - O sr. tentou levar a União a apoiar o Lula?

LB - Não, em nenhum momento. A União Brasil brigou internamente e externamente para ter sua candidatura própria, mas tem setores da imprensa que querem eleger até quem é a terceira via. É inadmissível. A candidata mais qualificada chama-se Soraya Thronicke, tem um projeto econômico sem igual. Tem um vice-presidente, o Marcos Cintra, que é um economista irretocável.

Nós temos projeto próprio para tudo, de educação, de saúde pública, segurança pública, com [Sergio] Moro [ex-ministro da Justiça]. Minas e Energia com [o deputado] Fernando [Coelho] Filho [União-PE]. Não tem ninguém que tenha algo parecido com o nosso plano de governo. E nosso projeto econômico, o imposto único, é a solução desse país. Quero brigar pelo imposto [único], pela simplificação tributária.

P - Caso o sr. seja reeleito, avalia a possibilidade de disputar a presidência da Câmara?

LB - Não, isso é uma questão da Câmara. O partido que vai definir isso.

P - Na eventualidade de um segundo turno, qual posição defenderia?

LB - Eu posso dizer que, se der um pouco de atenção ao projeto da senadora Soraya, ela estará no segundo turno.

P - Caso isso não ocorra, com quem a União Brasil deve seguir?

LB - Se minha avó fosse mais nova, andava de bicicleta. Meu projeto é o Brasil. Eu sou democrata e preservo as instituições a qualquer preço. A União Brasil nasceu para fortalecer as instituições. A fusão do PSL com o DEM foi para criar não só uma musculatura na nossa democracia, mas para defender nossos ideais.

P - Essa posição, então, é contrária ao que é associado hoje ao presidente Bolsonaro [e suas ameaças golpistas]?

LB - É claro que é preocupante. Todas as fustigações que ele faz às instituições nos assustam, mas isso é uma decisão do eleitor.

P - No segundo turno, é preciso que a União Brasil se posicione ou pode adotar neutralidade?

LB - Claro que a União Brasil se posiciona. Não é no segundo turno, posiciona-se hoje. Ela é a favor da democracia. Esse é o laço mais forte que nós fizemos com a fusão, para defender as instituições e a democracia.

P - Então podemos depreender que, entre um e outro, vocês têm posição mais contrária a Bolsonaro pelo que ele expressa hoje?

LB - Você, como jornalista, tem todas as ferramentas possíveis e imagináveis para depreender de acordo com a coletânea de informações e entrevistas. A União Brasil não se furta também à liberdade de imprensa.

P - ​O sr. vê algum risco de ruptura institucional no país?

LB - Eu me preocupo. Não é à toa que estou aqui, na minha idade, brigando pela minha democracia.

P - Por que a candidatura do Sergio Moro não deu certo?

LB - O Podemos [ex-partido de Moro, que ingressou depois na União Brasil] não deu condições de ele ser candidato a presidente.

P - Mas e na União Brasil?

LB - Quando veio, ele já não era mais candidato a presidente. Veio como candidato ao Senado pelo estado de São Paulo [a Justiça barrou sua transferência de domicílio eleitoral, e ele deve ser candidato ao Senado pelo Paraná]. Essa foi a conversa pessoal que eu tive com ele. Ele veio com essa condição. Ele gostaria de saber se tinha legenda para ele ser candidato ao Senado.

P - Ele chegou a falar com o sr. nos últimos dias sobre as conversas da União Brasil com Lula?

LB - Não. Ele está centrado na disputa no Paraná, e as pesquisas mostram ele à frente, quando nem começou a propaganda em canal aberto.

P - O sr. considera integrar o governo Lula?

LB - Não considero. O nosso projeto é estar na Câmara e defender o imposto único, a nossa bandeira é destravar o país.

P - Para aprovar isso, vai precisar de entendimento com o governo. Caso não seja a União Brasil, o partido vai estar aberto para conversar ou compor esse governo?

LB - O que quero é o projeto Brasil, qualquer que seja o governo. E preservar a democracia. Se quiser acabar com esse manicômio tributário, conte com a União Brasil.

P - A expectativa é eleger quantos deputados, senadores e governadores?

LB - A gente passa de 60 deputados federais, acho que faz dez senadores e ao menos uns sete governadores.

P - Em Pernambuco, uma preocupação dos políticos locais é a União não conseguir eleger três deputados...

LB - A União Brasil está brigando para eleger três deputados federais. Hoje estou em Pernambuco, a minha terra, pedindo votos, dando duro para que a gente consiga ter votos suficientes para eleger três federais.

P - Em 2018, o PSL ficou marcado pelas candidaturas laranjas, a situação de mulheres que foram lançadas com muito dinheiro e quase nenhum voto. O que o sr. tirou de lição desse episódio e o que o partido pretende fazer agora?

LB - Primeiro, quero dizer que não fui nem indiciado. As três candidatas que foram indiciadas foram absolvidas. Porque não pode fazer uma relação direta de quanto investe e [quanto o eleitor] vota. Se tivesse isso, já sabia o eleito agora.

P - Mas era uma discrepância muito grande entre o valor investido e o voto obtido.

LB - Um dado nesta eleição agora, no TSE [Tribunal Superior Eleitoral]: quase 3% das candidatas tiveram de zero a um voto, [em] todos os partidos, exceto o PSL. A verdade factual é que você tem dificuldade de ter candidaturas em cima de cotas. Isso não é um problema só da União Brasil. A gente tem um compliance [normas para evitar fraudes ou crimes]. Acho que nenhum partido tem tanta preocupação com isso quanto a União Brasil, e a gente vai seguir à risca aquilo que determina a lei.

P - Alguns adversários do sr. afirmam que a Soraya foi colocada nessa posição exatamente para conseguir alcançar a cota das mulheres. Como o sr. responde a isso?

LB - É um preconceito muito grande. Por que esse preconceito com mulher? Ela é competente, mais do que 90% dos homens naquele Congresso. Não sou sexista, mas acho que a mulher é tão competente quanto o homem.
*
RAIO-X
LUCIANO BIVAR, 77
Formado em direito, fundou o PSL em 1994. Deputado federal em três mandatos, já presidiu o Sport Clube do Recife, time de futebol de Pernambuco, seu estado natal. É empresário do ramo de seguros.

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