Durante a visita, o presidente provocou Powell -que enfrenta críticas do republicano desde o início do mandato- sobre as taxas de juros
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Após um desentendimento no encontro sobre os custos do projeto, Trump disse que não havia tensão com Powell e indicou que os problemas não eram motivo suficiente para demiti-lo.
O presidente brincou durante a visita às obras que demitiria um gerente responsável por estourar o orçamento da construção e provocou Powell -que enfrenta críticas do republicano desde o início do mandato- sobre as taxas de juros.
"Bem, eu adoraria que ele reduzisse as taxas de juros. Além disso, o que posso dizer?", disse Trump.
Trump e Powell, usando capacetes brancos de construção, caminharam juntos por um dos canteiros de obras. Em entrevista a jornalistas no encontro, as duas autoridades trocaram farpas e discordaram em relação ao custo do projeto.
Powell rebateu as alegações de Trump de que os custos haviam atingido US$ 3,1 bilhões, balançando a cabeça enquanto o presidente falava sobre os excessos.
O presidente ofereceu a Powell um pedaço de papel que segundo ele continha detalhes sobre uma nova estimativa, mas o chefe do Fed disse a Trump que a revisão incluía um edifício que já havia sido concluído.
Quando um jornalista perguntou o que Trump faria se um gerente de um de seus projetos de construção tivesse estourado o orçamento, o presidente foi incisivo. "De forma geral, o que eu faria?" disse Trump. "Eu o demitiria."
O presidente americano também fez referência à sua crítica de meses sobre a decisão do banco central de manter as taxas estáveis, e Powell justificou citando preocupações sobre os potenciais impactos inflacionários das tarifas.
A visita do presidente representa uma escalada pública de seu confronto com o chefe do banco central. Embora Trump tenha regularmente criticado Powell nas redes sociais -e o pressionado sobre as taxas de juros durante uma reunião privada na Casa Branca em maio- a visita desta quinta ofereceu a ele a chance de expressar suas preocupações no território do presidente do Fed.
As intervenções também mostram como o presidente intensificou em seu segundo mandato a pressão sobre o banco central, ameaçando normas de longa data sobre a independência do Fed.
No final da visita, Trump evitou fazer críticas sobre o projeto. Ele disse que, embora tenha visto "uma situação muito luxuosa acontecendo", entendia que medidas de segurança e a necessidade de reforma no porão acarretavam altos custos.
"Olha, sempre há críticos depois que as coisas acontecem -eu não quero ser isso", disse Trump. "Eu quero ajudá-los a terminar."
Trump disse que não havia "tensão" com Powell e recusou-se a detalhar sua discussão sobre taxas de juros, referindo-se ao atual período de silêncio do Fed antes de sua reunião na próxima semana.
"Eu só quero ver uma coisa acontecer, muito simples: as taxas de juros precisam baixar", disse.
Trump tem criticado o presidente do órgão, Jerome Powell, repetidamente por não reduzir a taxa de juros dos EUA de forma agressiva. Trump voltou a chamar Powell de "idiota" na terça-feira, um dia após afirmar que deverá trocar o comando do Fed em oito meses.
O presidente indicou Powell para liderar o banco em seu primeiro mandato, mas desde então tem se arrependido de sua escolha devido a divergências sobre os juros e a economia. Entre os mandatos de Trump, o presidente Joe Biden indicou Powell para um segundo mandato, que vai até 15 de maio de 2026.
Ao mesmo tempo, autoridades da Casa Branca têm acusado o Fed de gerir mal a reforma de dois prédios históricos em Washington, sugerindo supervisão deficiente e possível fraude. O diretor de orçamento da Casa Branca, Russell Vought, estimou o custo excedente em "US$ 700 milhões e contando". A reforma está estimada em US$ 2,5 bilhões e Powell afirmou que a reforma atende medidas de segurança.
As críticas públicas de Trump a Powell e o flerte com a possibilidade de demiti-lo já haviam perturbado os mercados e ameaçado uma das principais bases do sistema financeiro global -o fato de os bancos centrais serem independentes e livres de interferências políticas.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse na quarta-feira que o governo não está com pressa de nomear um novo presidente para substituir Powell. O secretário disse que o governo provavelmente anunciará um sucessor em dezembro ou janeiro.
Normalmente, presidentes dos EUA se abstêm de comentar sobre a política monetária do Fed em deferência à autonomia do banco, mas Trump não tem seguido esse exemplo.
Trump tem dito que gostaria que o Fed cortasse a taxa de juros para até 1% da atual faixa de 4,25% a 4,5% para reduzir os custos de empréstimos do governo. Isso permitiria que o governo financiasse os déficits crescentes previstos em sua legislação de cortes de impostos.
A maioria dos 19 membros do Fed não vê os juros caindo tão baixo quanto Trump gostaria. Suas mais recentes projeções, divulgadas no mês passado, mostraram que a maioria espera que a taxa não caia abaixo da faixa de 3,25% a 3,5% até o fim do próximo ano. Em junho, a inflação dos EUA teve a maior aceleração no ano e atingiu 2,7% em 12 meses.
O Fed se reúne na próxima semana e a expectativa é de que mantenha os juros na faixa atual. Operadores esperam que o banco central volte a cortar os juros em setembro.
VIA… NOTÍCIAS AO MINUTO

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