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quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Aliados de Bolsonaro usam trecho de plano do PT para afastar agro de Lula

Em documento com diretrizes de governo, Lula incluiu uma proposta de regulação da produção agrícola, mas o PT alegou que houve um erro no texto

© Getty

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Apesar de o PT já ter afirmado que se tratou de um erro, aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) usam um trecho do plano de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para afastar o setor do agronegócio da campanha petista.

Em documento com diretrizes de governo, Lula incluiu uma proposta de regulação da produção agrícola. A campanha petista diz que foi uma falha e que o trecho será suprimido.

No entanto, ministros, parlamentares e empresários do setor aproveitam desse dispositivo para consolidar o apoio da maioria ruralista a Bolsonaro.
O PT tem tentado se aproximar do setor com o apoio principalmente de parlamentares de Mato Grosso e da família Maggi -inclusive Blairo Maggi, um dos maiores produtores de soja do Brasil, cacique político de Mato Grosso (hoje no Progressistas) e ex-ministro da Agricultura do governo Michel Temer (MDB).

A campanha de Lula declarou que a referência à regulação da produção agrícola foi um equívoco.
Mesmo assim, por ser um texto de conteúdo vago, abriu brecha para que agricultores e políticos próximos a Bolsonaro interpretassem a mensagem como uma possível interferência no mercado -medidas que não foram adotadas nos governos do PT.

Aliados do presidente dizem que o setor do agronegócio vê com ceticismo a mudança no plano de governo de Lula para retirar o trecho do documento e citam que, neste ano, 22 deputados do PT apresentaram um projeto na Câmara com conteúdo nesse sentido.

A proposta prevê a cobrança de imposto de exportação sobre grãos (como soja, arroz e milho) e carnes (de bovinos, suínos e frangos) em situação de ameaça ao abastecimento interno.

Segundo os parlamentares petistas, o objetivo é combater "a abusividade dos volumes de alimentos exportados pelo país num contexto de situações sistemáticas de volatilidade dos preços e insuficiência do abastecimento interno desses produtos".

O presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Marcelo Bertoni, rechaça a ideia.
"Não alivia em nada. Isso é feito em países de esquerda, como Argentina, e pode até reduzir o preço no curto prazo, mas não resolve o problema. O setor já é regulado e, com ideias como essa, vamos voltar a ter muita insegurança jurídica como nos governos do próprio PT", disse.

A ideia na campanha de Bolsonaro é explorar ao máximo a proposta que apareceu na versão inicial do programa petista para evitar que a tentativa de Lula de se aproximar do agronegócio ganhe força.
A avaliação é que a sugestão apresentada pelo PT foi a melhor arma dada pelo partido até o momento para o chefe do Executivo conseguir conter qualquer avanço petista no setor.

Na visão de atores que traçam as estratégias de Bolsonaro à reeleição, a palavra regulação por si só é negativa e facilita a vinculação das políticas petistas com medidas de intervenção no setor econômico que costumam afastar Lula do empresariado.

O presidente do Instituto Pensar Agropecuária, Nilson Leitão, diz que vê o documento do PT como uma ameaça. O Instituto reúne quase 50 entidades do setor produtivo agropecuário.

"Já mantemos a maior parte da produção no Brasil. Não é necessário regular isso. Isso me parece uma ameaça do partido", afirmou Leitão, que já foi deputado federal e é consultor da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

O trecho do documento da campanha petista foi citado em reuniões e discursos no Encontro Nacional do Agro, que reuniu cerca de 3,5 mil pessoas em Brasília, nesta quarta-feira (10), e contou com a presença de Bolsonaro.
Mesmo após o PT dizer que a proposta foi incluída no documento por engano, o assunto foi levantado por Bolsonaro, pelo ministro Marcos Montes (Agricultura) e pelo presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Sérgio Souza (MDB-PR),
"Agora tentam se aproximar do agro, dizer que têm uma sintonia e que podem ajudar, no momento em que na sua proposta de governo colocam a regulação da nossa agricultura, da nossa pecuária. Não podemos ser irresponsáveis", afirmou Souza.

Bolsonaro seguiu na mesma linha: "Proposta de regulação da produção agrícola o cara já retirou do programa de governo dele. Malandro como sempre, sem caráter, bêbado que quer dirigir o Brasil".

Sem detalhes da proposta, o ministro da Agricultura então fez inferências.
"Será que essa regulação da produção agrícola é colocar insegurança na vida das nossas pessoas? Não podemos sair da estrada que entramos em 2019. [...] Não podemos voltar atrás, o mundo nos respeita e olha para nós com esperança de que nós vamos alimentar o mundo", declarou Montes.
Ele também atribuiu à campanha petista a intenção de politizar a Embrapa e incentivar movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). "Não há mais invasão de terras. O Brasil vive em paz", discursou o ministro.

A preocupação com a invasão de terras é um dos principais motivos citados por lideranças rurais para manterem o apoio à reeleição de Bolsonaro. A campanha dele, portanto, tem usado esse ponto para tentar neutralizar a estratégia de Lula no setor agropecuário.

O petista tem contado com o apoio do empresário Carlos Augustin, do senador licenciado Carlos Fávaro (PSD-MT) e do o deputado federal e ex-ministro de Dilma Rousseff (PT), Neri Geller (PP-MT), além da família Maggi.
O ex-governador de São Paulo e candidato a vice na chapa com Lula, Geraldo Alckmin (PSB), foi designado pela campanha para articular a aproximação com o agro.

Alckmin planeja viajar por estados onde Bolsonaro tem uma base forte e o agronegócio tem peso na economia local, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Conforme mostrou a Folha de S.Paulo, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) sinalizou na última quarta-feira (10), em evento que reuniu 27 federações e sindicatos do setor, apoio à candidatura de Bolsonaro.
"Os senhores sinalizaram bem claro que não há mais espaço neste país para uma equipe corrupta e incompetente. E muito menos para o retorno de um candidato que foi processado e preso como ladrão", disse João Martins da Silva Junior, presidente da CNA, em referência ao ex-presidente Lula.

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