A ONU afirmou que soldados israelenses já mataram mais de 1.300 palestinos que buscavam ajuda
![]() |
| © Pixabay |
Os casos de violência configuram, segundo o documento, assassinatos orquestrados. A MSF não diz que as Forças Armadas de Israel foram diretamente responsáveis pelas mortes, mas relaciona a atuação da FHG, uma controversa organização apoiada por Tel Aviv e pelos Estados Unidos, aos episódios. A ONU afirmou que soldados israelenses já mataram mais de 1.300 palestinos que buscavam ajuda.
Entre as vítimas tratadas pelo MSF estão crianças, mulheres e idosos que, de acordo com um ex-funcionário da FHG mencionado pela organização de saúde, afastavam-se do local de forma lenta, sem representar qualquer risco a terceiros.
"Crianças foram baleadas no peito enquanto tentavam conseguir comida. Pessoas foram esmagadas ou sufocadas durante os tumultos. Multidões inteiras acabaram mortas a tiros em pontos de distribuição [de ajuda]", afirma Raquel Ayora, diretora-geral da MSF. "Em quase 54 anos de operações, raramente vimos tais níveis de violência sistemática contra civis desarmados."
O posicionamento, com tom duro, é incomum devido ao princípio de neutralidade da organização, mesmo em situações de conflito. Intitulado "Não é ajuda, é um massacre orquestrado", o relatório defende o fim imediato do esquema de distribuição da FHG, que constitui, ainda segundo a MSF, uma prática desumana.
Com base em dados médicos, relatos de pacientes e testemunhos de profissionais da MSF, o documento detalha casos de violência. De 7 de junho a 24 de julho de 2025, as clínicas da organização humanitária em Al-Mawasi e Al-Attar, próximas aos centros da FHG no sul da Faixa de Gaza, receberam 1.380 vítimas, incluindo 28 que chegaram aos centros da MSF já sem vida. Das vítimas, 71 eram crianças e adolescentes que foram baleados, sendo 25 deles com menos de 15 anos.
As lesões registradas apontam para uma violência deliberada. Em Al-Mawasi, 11% dos pacientes tinham ferimentos na cabeça e no pescoço, e 19% no tórax, abdômen e costas. Já nos centros de Khan Yunis, os tiros atingiram com mais frequência os membros inferiores.
"A precisão anatômica desses ferimentos sugere fortemente ataques intencionais a pessoas dentro dos locais de distribuição, não disparos acidentais ou indiscriminados", afirma trecho do relatório.
Ainda segundo o documento, a FHG funciona como um esquema militarizado, com todos os seus centros localizados em áreas sob controle total das forças israelenses e protegidos por seguranças privados armados, contratados por empresas americanas.
São infundados, portanto, os argumentos mencionados por Israel e pelos EUA de que a fundação é necessária para contornar o sistema operado pela ONU e, assim, evitar roubos do Hamas, acrescenta a MSF.
A substituição do sistema de ajuda coordenado pela ONU por esse modelo ocorreu em maio, após decisão das autoridades israelenses. A MSF afirma que a FHG institucionaliza uma política de fome imposta por Israel desde 2 de março, quando foi iniciado um cerco total à Faixa de Gaza -parte do que a organização humanitária considera uma campanha genocida.
Além da violência armada, os centros da FHG também são marcados por tumultos, pisoteamentos e saques. Entre os 196 pacientes tratados com ferimentos decorrentes de aglomerações, estavam um menino de cinco anos com trauma grave na cabeça e uma mulher que morreu asfixiada.
Os números diferem dos apresentados pelas Nações Unidas, que falam em mais de 1.300 pessoas mortas por Israel enquanto tentavam obter ajuda em Gaza, a maioria perto das instalações da FHG. A MSF, contudo, ressalta no relatório que tratou diretamente apenas uma fração do número total de pessoas feridas nesses locais.
A FHG nega que tenha havido incidentes mortais em seus centros e diz que os mais letais ocorreram perto de outros comboios de ajuda. Já os soldados israelenses afirmam ter disparado tiros de advertência contra pessoas que se aproximavam de forma ameaçadora.
A MSF, por sua vez, exige a suspensão imediata do apoio político e financeiro à FHG e a restauração da coordenação humanitária por meio das Nações Unidas. "Os locais de distribuição da FHG, que se apresentam como de ajuda, transformaram-se num laboratório de crueldade", afirma Ayora. "Isto precisa acabar agora."
VIA… NOTÍCIAS AO MINUTO

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários são pessoais, é não representam a opinião deste blog.
Muito obrigado, Infonavweb!