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quinta-feira, 16 de junho de 2022

BC eleva a Selic em 0,5 ponto, a 13,25%, e indica nova alta em agosto

Para justificar o movimento, o Copom citou "a crescente incerteza da atual conjuntura", que, em conjunto com o "estágio avançado do ciclo de ajuste" e seus impactos futuros, exige "cautela adicional em sua atuação".

© Shutterstock

(FOLHAPRESS) - O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou nesta quarta-feira (15) a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 12,75% a 13,25% ao ano, e indicou que o ciclo de aperto monetário não terminou.

Diante do cenário de incertezas e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, o colegiado do BC sinalizou que o aumento de juros se estenderá para a próxima reunião, em agosto, quando prevê uma nova alta de igual ou menor magnitude. Isso significa um aumento de 0,5 ponto percentual ou de 0,25 ponto percentual.

"O comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas", afirmou.

Para justificar o movimento, o Copom citou "a crescente incerteza da atual conjuntura", que, em conjunto com o "estágio avançado do ciclo de ajuste" e seus impactos futuros, exige "cautela adicional em sua atuação".

A Selic atingiu o patamar mais alto em quase cinco anos e meio. Em janeiro de 2017, a taxa de juros estava em 13,75% ao ano, durante o governo de Michel Temer (MDB).

O Copom começou a subir os juros em março de 2021, quando a Selic partiu de seu piso histórico, em 2% ao ano. O Brasil foi um dos primeiros países entre as principais economias do mundo a fazer esse movimento.

Desde o início do ciclo de aperto monetário, há mais de um ano, já são 11 altas consecutivas.

Neste encontro, o colegiado do BC manteve o plano sinalizado na reunião anterior, em maio, de que faria um novo ajuste de menor intensidade depois de subir a taxa de juros em 1 ponto percentual. Entre outubro de 2021 e fevereiro deste ano, foram três altas de 1,5 ponto percentual.

O atual choque de juros, que desde o primeiro movimento acumula elevação de 11,25 pontos percentuais, já é o mais longo da série histórica e o mais forte desde a adoção do regime de metas para inflação, em 1999. Na época, a taxa básica saltou de 25% para 45% ao ano.

A decisão do Copom desta quarta veio em linha com a projeção do mercado financeiro. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que a maioria dos analistas consultados esperava elevação de 0,5 ponto percentual na Selic.

Com a taxa básica em dois dígitos e em território bastante contracionista, o BC responde a uma inflação persistente e disseminada e à deterioração das expectativas para 2023.

Dada a defasagem dos efeitos da política monetária na economia, o colegiado já toma sua decisão sobre os juros olhando integralmente para a meta de inflação próximo ano -fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

"O comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2023", afirmou.

Para Mauricio Oreng, superintendente de pesquisa macroeconômica do Santander, o comunicado não traz muita clareza quanto à totalidade do plano de voo do BC e espera mais detalhes sobre os próximos passos na ata, que será divulgada na próxima terça (21).

O economista ressaltou que houve um aumento relevante na estimativa do BC para a inflação de 2023 desde a última reunião, saltando de 3,4% para 4%.

"Tem uma sutileza que eles falam de buscar a inflação ao redor da meta, não na meta. Não sei dizer se, de fato, é uma sinalização ou só uma questão de redação, mas me parece que o BC pode estar preparando terreno para alguma suavização da trajetória de juros, vendo um ambiente muito difícil de atingir a meta central no ano que vem", comentou.

Luís Menon José, economista da Garde, também observou a flexibilização no discurso com relação à meta de 2023 e considerou que "houve uma tentativa de rolar o horizonte relevante, com a inclusão das projeções para 2024 em 2,7% (abaixo da meta de 3%), algo que não deveria ocorrer até a próxima reunião", afirmou.

A mudança chamou a atenção de Caio Megale, economista-chefe da XP. "O Copom está mencionando 2024 antes do esperado (historicamente, a autoridade monetária passa a divulgar projeções para 2 anos à frente apenas no segundo semestre). Isso pode ser considerado dovish [suave], já que a projeção para o IPCA de 2024 está abaixo da meta", escreveu.

Nas últimas semanas, entraram no radar novas percepções de risco fiscal com as medidas do governo para baratear os preços dos combustíveis por meio de redução de impostos.

O tema ganhou destaque no comunicado em mais de uma passagem. "Avaliou-se que as medidas tributárias em tramitação reduzem sensivelmente a inflação no ano corrente, embora elevem, em menor magnitude, a inflação no horizonte relevante de política monetária", afirmou o BC.

No cenário pesam também os preços de petróleo ainda bastante pressionados, as incertezas decorrentes da Guerra da Ucrânia e dos lockdowns na China e a reação das autoridades monetárias pelo mundo, sobretudo do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) e do BCE (Banco Central Europeu), frente às surpresas inflacionárias.

Também nesta quarta, o Fed confirmou um aumento de 0,75 ponto percentual na sua taxa de juros. É a maior alta aplicada pela autoridade monetária dos Estados Unidos desde 1994, indicando uma postura mais agressiva do órgão no enfrentamento à maior inflação no país em quatro décadas.

No ambiente externo, o BC considerou que o cenário continuou se deteriorando, "marcado por revisões negativas para o crescimento global prospectivo em um ambiente de fortes e persistentes pressões inflacionárias".

O comitê disse também que a inflação seguiu surpreendendo negativamente, "tanto em componentes mais voláteis como em itens associados à inflação subjacente".

Na última quinta-feira (9), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) desacelerou para 0,47% em maio. Ainda que o resultado mensal tenha ficado abaixo das expectativas do mercado, 8 dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram avanço de preços. No acumulado de 12 meses, a inflação atingiu 11,73%.

Devido à greve dos servidores do BC, a pesquisa Focus não foi divulgada na véspera do Copom, mas o colegiado contou com dados atualizados sobre a estimativa para inflação na decisão desta quarta -8,5% para 2022 e 4,7% para 2023.

No cenário de referência do Copom, as projeções de inflação subiram para 8,8% e 4% em 2022 e 2023, respectivamente. Na análise, optou por manter a premissa de que o preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses, terminando o ano em US$ 110/barril, e passa a aumentar 2% ao ano a partir de janeiro de 2023.

"As projeções do cenário de referência não incorporam o impacto das medidas tributárias sobre preços de combustíveis, energia elétrica e telecomunicações que estão em tramitação. O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual e cresceu desde a última reunião" disse.

Fernando Fenolio, economista-chefe da WHG, destaca que o comunicado mostrou um ambiente econômico internacional e local mais incerto, com destaque para a política fiscal, exigindo mais cautela por parte da autoridade monetária.

"Ele coloca [a política de subsídio aos preços dos combustíveis] como um risco. A inflação fica mais baixa neste ano pela redução mecânica do imposto, mas para o próximo ano você pode ter um efeito contrário de mais inflação ou dificultar a convergência pela questão da demanda um pouco mais forte na procura de outros bens", disse.

O BC avaliou que permanecem fatores de risco para a inflação em ambas as direções.

Entre as condições que puxariam os preços para cima, destacou "uma maior persistência das pressões inflacionárias globais, e a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e políticas fiscais que impliquem sustentação da demanda agregada, parcialmente incorporadas nas expectativas de inflação e nos preços de ativos".

Na direção contrária, ressaltou "uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local, e uma desaceleração da atividade econômica mais acentuada do que a projetada".

A expectativa dos economistas coloca a inflação cada vez mais distante do teto do objetivo perseguido pelo BC neste ano, de 5%. A autoridade monetária já admitiu que, em 2022, a meta deve ser superada pelo segundo ano seguido. Em 2021, o IPCA atingiu 10,06%. A previsão para o próximo ano está acima do centro do alvo, mas ainda dentro do intervalo de tolerância (até 4,75%).

O Copom volta a se reunir nos dias 2 e 3 de agosto para recalibrar a Selic.

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