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sexta-feira, 4 de junho de 2021

Pandemia impulsiona posts antissemitas na Europa

O número de posts contra judeus publicados em francês em janeiro e fevereiro deste ano foi oito vezes o registrado nos mesmos meses de 2020. Já em alemão, a quantidade se multiplicou por 14

 

© Shutterstock


BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - Mensagens antissemitas em francês e alemão se multiplicaram várias vezes durante a pandemia, mostra um levantamento feito na União Europeia. O número de posts contra judeus publicados em francês em janeiro e fevereiro deste ano foi oito vezes o registrado nos mesmos meses de 2020. Já em alemão, a quantidade se multiplicou por 14.

Uma das principais tendências foi a proliferação do que os pesquisadores chamaram de "linguagem cinzenta": o uso de termos ambíguos ou em código, para escapar das regras das próprias plataformas e evitar acusações criminais -a legislação alemã proíbe todo discurso de ódio, e, nos dois países, negar o holocausto é crime.

Palavras em inglês ou com grafia trocada, com algarismos intercalados e imagens são alguns dos recursos usados. Embora a União Europeia exija que redes como Facebook, Twitter e YouTube fiscalizem ativamente e eliminem desinformação e conteúdo preconceituoso, "essas mensagens 'legais, mas daninhas' representam o maior desafio para companhias de tecnologia e governos, pois detectá-las e categorizá-las não é simples", diz o relatório.

Segundo o Instituto para Diálogo Estratégico, que fez a pesquisa para departamentos de direitos fundamentais e Estado de Direito da Comissão Europeia, o fenômeno preocupa porque aumentou a fração de postagens que incentivam ou justificam a violência contra judeus, e há ligação direta entre violência nas redes e fora delas.

"Houve um salto nos crimes de ódio durante a pandemia, e é importante que pesquisas futuras investiguem essa correlação e desenhem estratégias conjuntas de prevenção e combate."

Os pesquisadores acompanharam cerca de 270 contas antissemitas em francês (a maioria delas no Twitter e no Facebook) e número semelhante em alemão (a maioria no Telegram). As contas francesas produziram cerca de 500 mil posts com mensagens de ódio e preconceito, enquanto as alemãs divulgaram mais de 3 milhões de posts.

"A Covid-19 foi acompanhada de um 'vírus de ódio' dirigido contra comunidades vulneráveis", afirmaram os pesquisadores. Eles detectaram, no início da pandemia, uma onda de teorias conspiratórias que culpavam comunidades judaicas pela criação do coronavírus e sua disseminação.

O Sars-Cov-2 era rotulado como "vírus sionista" e, segundo as postagens, havia sido desenhado para atacar apenas os não judeus. Um post com uma estrela de Davi e o slogan "fodam-se os cientistas" foi visto 10 mil vezes no Telegram.

Essas mensagens tiveram crescimento forte após o início do confinamento, em março de 2020, refluíram no verão, quando os governos relaxaram as restrições contra o contágio e retomaram sua frequência a partir de agosto, com o início da segunda onda de contaminações pelo coronavírus.

Com a expansão das campanhas de vacinação na Europa, a partir do começo deste ano, o discurso antissemita se expandiu e passou a descrever os imunizantes como um instrumento dos judeus para controlar as populações. Nessa fase, ganharam projeção, principalmente na Alemanha, posts retratando judeus envolvidos na produção das vacinas, como o principal executivo da Pfizer, Alfred Bourla.

Outros executivos, como Leif Johansson, da AstraZeneca, e Stéphane Bancel, da Moderna, foram rotulados de sionistas e incluídos na teoria conspiratória por meio de investimentos judeus em suas empresas.

O "influenciador" de ultradireita alemão Attila Hildmann afirmou repetidamente no Telegram que as campanhas de vacinação contra a Covid-19 eram a implantação do plano Kaufman -um panfleto da época da Segunda Guerra que defendia a esterilização da população germânica e se tornou tema frequente na propaganda neonazista.

Além das mensagens ligadas à pandemia, cresceu o número de posts antissemitas que negam o holocausto ou acusam judeus de controlarem instituições em todo o mundo -na França, figuras judaicas conhecidas, como políticos, conselheiros do governo e intelectuais, e o presidente Emmanuel Macron, que já trabalhou para o banco Rothschild, foram alvo de acusações de integrar uma organização secreta maliciosa.

Os pesquisadores também analisaram qualitativamente uma amostra aleatória de cem posts de diferentes plataformas, em cada uma das línguas. Nas mensagens em alemão, 89% usavam a estratégia de "desumanização e demonização", adotando especialmente a narrativa de que os judeus "controlam a mídia, a economia, o governo e instituições sociais".

Uma fração de 4% promovia ou justificava a violência contra judeus em nome de uma ideologia radical (como supremacia branca, por exemplo) ou de extremismo religioso, e 3% negavam o holocausto.

Das mensagens em francês, 56% recorriam a desumanização e demonização. Em 35% dos casos, as contas defendiam pessoas acusadas de antissemitismo, como o escritor de ultradireita Hervé Ryssen, detido por discurso de ódio em setembro do ano passado, durante o período da pesquisa.

Nos posts em francês também aparecia o argumento de que judeus são mais leais a Israel que ao país em que vivem (3%), e 2% do conteúdo defendia a retirada de direitos da comunidade judaica.

Uma postagem compartilhada em francês no Telegram, por exemplo, elogiava o "santo Bowers", em alusão ao atirador da sinagoga de Pittsburgh (EUA) em 2018, Robert Bowers. Outra retratava uma máscara de caveira em frente a imagens de de Adolf Hitler, Joseph Goebbels e Muammar Gaddafi -vista por mais de 2.000 pessoas.

Segundo os pesquisadores, o uso do Telegram é intensivo principalmente por grupos alemães ligados à teoria conspiratória QAnon -menos de 5% das contas gera quase 60% dos posts contestáveis. Esse conteúdo em alemão foi visto mais de 2 bilhões de vezes.

Nas mensagens em francês, o número de visualizações superou 5 milhões, e mais de 3,7 milhões de posts no Twitter foram compartilhados ou favoritados.

O relatório aponta ainda que as contas antissemitas têm uma quantidade significativa de seguidores: 900 milhões nos perfis em francês no Twitter e 700 mil nos do Facebook -alguns seguidores acompanhavam mais de uma conta.

Na Alemanha, canais antissemitas do Telegram registravam mais de 3 milhões de seguidores e as páginas de Facebook, mais de 830 mil inscritos.

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