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segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Partido Comunista Chinês deve reforçar comando de Xi em rara 'resolução histórica'

Um encontro reunirá cerca de 200 membros da legenda com direito a voto, mais cerca de 170 não votantes, para discutir os rumos do país

© getty


SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A plenária do Partido Comunista Chinês é um evento recorrente: são sete por ciclo de governo. Esta legislatura, no governo desde 2017, dá início nesta segunda-feira (8) a sua sexta reunião executiva do tipo. O encontro reúne cerca de 200 membros da legenda com direito a voto, mais cerca de 170 não votantes, para discutir os rumos do país.

Mas duas palavras chamaram especial atenção para o evento deste ano: o anúncio de que o plenário vai discutir uma "resolução histórica".
Isso porque em apenas duas ocasiões em 100 anos de existência o partido, que comanda um dos países mais poderosos do mundo, aprovou algo com esse nome –ainda que as reuniões tenham tomado decisões relevantes, como a que, em 2015, aboliu a política do filho único.

Na primeira resolução histórica, em 1945, em plena guerra contra o Japão, a legenda afastou correntes ideológicas dissidentes e definiu que se guiaria sob a liderança de Mao Tse-tung.

Na segunda, em 1981, sob Deng Xiaoping o plenário decidiu que passaria a condenar a Revolução Cultural do mesmo Mao, que perseguiu dissidentes, baniu tudo o que via como relacionado à burguesia e mergulhou o país no caos.

Não é trivial que a terceira resolução do tipo, discutida nos próximos dias sob o comando de Xi Jinping, venha depois de duas aprovadas durante os regimes dos nomes mais importantes da história moderna do país: Mao, que implementou o sistema comunista, e Deng, que promoveu a abertura comercial que levaria a China ao status de potência econômica de hoje.

Agora, Xi também quer revisar a história a seu favor -e de olho no futuro. Uma revisão que "explicite como o PC Chinês desempenhou um papel positivo nos últimos 100 anos e que pode elevar o Pensamento Xi Jinping [doutrina teórica do atual líder] ao status de ideologia [oficial] do país", diz Steve Tsang, diretor do Instituto da China da Universidade de Londres.

A resolução histórica "estabelece uma visão oficial do desenvolvimento histórico e irá incorporar ainda mais a liderança pessoal e a agenda política de Xi", explica o analista Neil Thomas, especialista em China da consultoria política americana Eurasia Group.

A um ano do 20º Congresso do Partido Comunista, a ideia é pavimentar o caminho do líder mais forte do regime desde Mao para um terceiro mandato presidencial, depois que o país aboliu os limites para reeleição, em 2018.

"Na história cultural chinesa, um 'líder forte' é muito importante na trajetória de desenvolvimento, tanto política quanto econômica e socialmente", diz o cientista político Li Xing, professor da Universidade de Aalborg, na Dinamarca.

Por isso, Mao, Deng e Xi foram os homens mais poderosos de suas eras e quiseram deixar isso claro. E o atual chefe tem sido legitimado: mesmo as pesquisas de opinião conduzidas por órgãos ocidentais indicam que o regime comunista chinês sob ele apresenta os mais altos níveis de aprovação entre a população, aponta Xing.

Embora já haja um rascunho pronto para ser aprovado, segundo a Xinhua, agência de notícias oficial, o texto da resolução histórica só deve vir a público ao final da plenária, na quinta (11).

De acordo com a agência, o Comitê Central do partido organizou um simpósio com indivíduos não filiados e representantes do mercado -como a All-China, federação da indústria e do comércio-, cujas "visões e sugestões foram absorvidas no documento".

Comunicado oficial divulgado após o simpósio, porém, dá sugestões do que o texto final da plenária deve trazer. Há toda a retórica dos últimos anos do governo Xi, que elevou o tom contra potências ocidentais, no que alguns analistas dizem que pode levar a uma espécie de nova Guerra Fria. O comunicado diz, por exemplo, que "o povo chinês que foi subjugado e vítima de bullying tem se erguido nos tempos atuais" e "avançado em direção à modernização".

O texto cita ex-líderes do regime, incluindo Jiang Zemin e Hu Jintao, ao dizer que os comunistas levaram "pessoas de todos os grupos étnicos a alcançar um progresso vital" -um grande calo do regime sob a ótica internacional é a repressão à minoria dos uigures, no oeste do país. Em outra referência, o comunicado diz que "o partido deve sempre mobilizar e liderar pessoas de todos os grupos étnicos a trabalhar incansavelmente para realizar suas aspirações por uma vida melhor".

No encontro que ajudou a elaborar o rascunho da resolução, o partido pediu que os membros "demonstrem mais vigilância e sempre estejam preparados para um potencial perigo, mesmo em tempos de calma".

Tensões militares entre a China e seus rivais militares têm escalado a níveis inéditos, com a autonomia de Taiwan no centro da questão -os comunistas consideram a ilha uma província rebelde, mas na prática ela tem independência do continente, ainda que sem reconhecimento internacional.

Não faltam exercícios militares de um lado e manifestações de apoio de rivais ocidentais de outro. Ainda que provavelmente esse não seja o foco principal da plenária, é provável que o assunto entre em discussão, segundo Neil Thomas.

"A terceira resolução histórica provavelmente vai reafirmar a missão histórica do Partido Comunista de alcançar a 'unificação' com Taiwan e citar a mudança no ambiente internacional, com os EUA se tornando cada vez mais hostis à China, como uma das razões pelas quais o partido precisa manter um líder forte como Xi", diz.

É nesse contexto que se inserem os esforços do líder atual para cravar sua doutrina nas bases da República Popular da China, reforçar sua autoridade e garantir o terceiro mandato.

Para o jornalista chinês Deng Yuwen, ex-editor de um jornal do partido e hoje crítico do regime, aprovar uma nova resolução histórica pode ser um movimento arriscado para Xi. Em artigo publicado pela versão chinesa da Deutsche Welle, o dissidente sustenta que o movimento pode revelar inseguranças do líder e, se for malsucedido, "pode minar [sua força] entre partidários mais céticos, que não são poucos, inclusive nos níveis mais altos".

Na mesma linha, Thomas afirma que "por mais que seja muito poderoso, Xi ainda precisa fazer o jogo político e manter seus aliados ao seu lado, porque opera dentro da estrutura organizacional do partido".

Via...Notícias ao Minuto 

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