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sábado, 18 de junho de 2022

Manuela diz que deixa eleição por ataques e racha político

Cotada para tentar uma vaga no Senado, ela, que foi vice de Fernando Haddad (PT) na corrida presidencial de 2018 e chegou ao segundo turno da eleição para a Prefeitura de Porto Alegre em 2020, afirma que a divisão do campo progressista na eleição do estado é duplamente prejudicial.

© REUTERS / Adriano Machado (Foto de arquivo)


JOELMIR TAVARES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A ex-deputada federal Manuela d'Ávila (PC do B) diz que, sendo candidata ou não, os ataques a ela e à sua família são permanentes e que sua decisão de não disputar cargo neste ano resulta de uma combinação: as ameaças e a desunião da esquerda no Rio Grande do Sul.

Cotada para tentar uma vaga no Senado, ela, que foi vice de Fernando Haddad (PT) na corrida presidencial de 2018 e chegou ao segundo turno da eleição para a Prefeitura de Porto Alegre em 2020, afirma que a divisão do campo progressista na eleição do estado é duplamente prejudicial.
"A unidade é importante para garantir competitividade e a derrota dessas forças que tornam minha vida inviável pessoal e politicamente", diz.


Manuela participa em São Paulo na segunda-feira (20) da abertura do 7º Salão do Livro Político, organizado por cinco editoras e do qual o jornal Folha de S.Paulo é parceiro. Ela estará em mesa cujo tema é o resgate da democracia na América Latina.
A conferência, às 19h, no Tucarena (rua Monte Alegre, 1.024, Perdizes), terá transmissão pelo canal do evento no YouTube. O salão vai até sábado (25).
*
PERGUNTA - Que peso os ataques tiveram na sua decisão de não concorrer?
MANUELA D'ÁVILA - O conjunto das ameaças que eu e minha família sofremos há pelo menos sete anos impacta todas as minhas escolhas no dia a dia, desde ir ao supermercado até minha exposição política.
A primeira razão para a minha decisão de não concorrer é a de que nós não conseguimos construir no estado uma unidade razoável no campo progressista, com três forças disputando [Edegar Pretto, do PT, Beto Albuquerque, do PSB, e Pedro Ruas, do PSOL].
A unidade é importante para garantir competitividade e a derrota dessas forças que tornam minha vida inviável pessoal e politicamente. Além disso, diante da violência, a unidade é capaz de proteger a vítima. Disputar sem essa coesão nos torna mais vulneráveis.

P - O que mudou, na questão dos ataques, entre disputar eleição antes e depois do bolsonarismo?
MD - É completamente diferente. Sempre fui de esquerda e sempre existiram os conservadores, mas isso não tinha escala. Hoje são ameaças que envolvem estímulo à violência, a partir dos discursos de ódio. Não é uma lógica de enfrentamento às ideias, mas de extermínio de quem pensa diferente.
A primeira ameaça que sofri foi em 2005, quando eu era recém-eleita vereadora, e isso impactou a Câmara de Vereadores, que saiu na minha defesa. Agora, por exemplo, os membros da bancada negra em Porto Alegre são atacados dia sim e dia também, e isso não altera a rotina do parlamento.
Mas, por outro lado, nós nunca tivemos um movimento de mulheres tão atento e tão capaz de proteger a nós mesmas, que somos os alvos preferenciais.

P - O fato de um dos virtuais adversários na corrida ao Senado ser um bolsonarista, o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), influenciou seu recuo?
MD - Nunca pensei sobre isso. O que posso dizer é que levo a sério as ameaças que sofro, embora elas nunca tenham feito com que eu parasse de lutar.
Por trás dessas ofensas permanentes, que independem de eu estar concorrendo ou não, estão organizações que produzem e distribuem mentiras, que articulam milícias virtuais e que incentivam os ataques presenciais e físicos.
Mas eu decidi ficar. Vou fazer campanha igual [pela esquerda], contra eles e denunciando o que fazem contra mim. Isso demonstra muito de quem eles são, e não de mim. Mas não deixa de revelar também um pouco de quem eu sou, por aguentar e enfrentar de cabeça erguida.

P - A sra. já pensou em exílio, como fez o ex-deputado Jean Wyllys?
MD - Essa é uma hipótese que eu e minha família avaliamos em vários momentos. Não é fácil acordar de manhã, como aconteceu um ano atrás, e ver a sua filha de cinco anos ser ameaçada de estupro. Qualquer pessoa na minha condição cogitaria isso.

P - Considera que perdeu sua liberdade?
MD - Existe uma frase da intelectual Angela Davis, de que a liberdade é uma luta constante. As ameaças são o reflexo das ideias que eu represento e do propósito de aniquilação delas. Eles nunca quiseram me derrotar politicamente, mas exterminar a minha existência.

P - Como assédio, machismo e violência política se cruzam?
MD - A antropóloga Rosana Pinheiro-Machado tem uma formulação de que é impossível dissociar o bolsonarismo e a extrema direita da masculinidade violenta. Não é casual que os ataques que sofro usem a minha imagem, a da minha filha, mencionem meu corpo. Não é casual que eles profanem permanentemente a memória da Marielle Franco.
[As deputadas federais do PSOL] Talíria Petrone e Sâmia Bomfim também são alvo de ataques que expõem seus filhos pequenos. Nós não somos atacadas só por sermos mulheres, mas por sermos mulheres que questionam o que eles fazem.

P - Como, na sua visão, a esquerda deve reagir às fake news?
MD - Primeiro, é preciso compreender que não existe desinformação sem que antes tenha sido introjetado um discurso de ódio e preconceito, potencialmente fomentador da violência real.
Acho que jamais devemos refutar com as mesmas armas. O que precisamos discutir é a tecnologia que está por trás disso e cobrar das plataformas, que distribuem e dão alcance a esses conteúdos, ferramentas de controle e de distribuição da verdade.
Precisamos também investir em cidadania digital. Nunca vamos ganhar a guerra contra a distribuição de fake news. O que a gente pode ganhar é a guerra do impacto que elas causam, levando as pessoas a diferenciarem o que é falso do que é verdadeiro, desconfiarem, checarem informações.

P - O que espera desta campanha eleitoral?
MD - Precisamos tirar lições deste último período que vivemos, no qual falar em fuzilar alguém [como fez Bolsonaro em 2018 ao atacar petistas] não traz consequência prática nenhuma.
Nós [da oposição] temos que tomar as ruas. Acho que, quanto menos numerosos eles [bolsonaristas] forem, mais radicais eles ficarão, e isso significa que temos que proteger nossas lideranças e militantes.
Em que contexto o Brasil se insere no debate sobre resgate da democracia na América Latina, tema de sua mesa no Salão do Livro Político?"Temos que pensar em como reforçar as instituições democráticas no continente, sem deixar de discutir temas como a liberdade de expressão, a partir de casos como a execução de Bruno Araújo e Dom Phillips.
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RAIO-X
Manuela d'Ávila, 40
Filiada ao PC do B, foi vereadora em Porto Alegre (2005-2006), deputada federal (2007-2014) e deputada estadual (2015-2018). Chegou ao segundo turno nas duas últimas eleições que disputou, a presidencial de 2018, como vice na chapa de Fernando Haddad (PT), e o pleito para a Prefeitura de Porto Alegre em 2020. Criou em 2018 o Instituto E Se Fosse Você?, para combate a fake news e ódio nas redes
O último ciclo que vivemos na América Latina é de enfraquecimento da democracia, o que no Brasil incluiu o impeachment da presidente Dilma sem crime de responsabilidade e o tema do lawfare na prisão do presidente Lula.

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