A responsável pelo pedido de aprovação comercial enviado ao USDA (Departamento de Agricultura americano) é a empresa britânica Norfolk Plant Sciences, conforme revelou a revista New Scientist.
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A responsável pelo pedido de aprovação comercial enviado ao USDA (Departamento de Agricultura americano) é a empresa britânica Norfolk Plant Sciences, conforme revelou a revista New Scientist.
"Consideramos que os tomates roxos são uma oportunidade de contemplar consumidores que estão procurando alimentos frescos com mais nutrientes e que acreditam no consenso científico sobre a segurança da comida bioengenheirada", disse à Folha de S.Paulo o presidente da companhia, Nathan Pumplin.
O prazo oficial de análise da variedade por parte do USDA é de 180 dias, período que terminou de transcorrer em fevereiro. "Ainda não temos notícias sobre a decisão, mas sabemos que se trata de um processo novo, que está sendo implantado, e é importante seguir todos os protocolos para validá-lo."
A variedade foi desenvolvida por Cathie Martin, especialista do Centro John Innes, instituição britânica especializada em pesquisa agronômica e biotecnologia. Numa pesquisa originalmente publicada em 2008 na revista científica Nature Biotechnology, Martin e seus colegas mostraram que era possível modificar os tomates inserindo neles dois trechos de DNA de boca-de-leão (Antirrhinum majus), flor originária do Mediterrâneo.
Esses pedaços do genoma da flor correspondem a fatores de transcrição, ou seja, trechos do DNA que regulam a ativação de outros genes. Com a presença deles, intensifica-se a produção das chamadas antocianinas.
Há indícios de que esses pigmentos, os mesmos que estão por trás do arroxeado escuro de mirtilos e amoras, possuem propriedades anti-inflamatórias que poderiam ajudar a proteger quem os consome de problemas cardiovasculares ou mesmo cânceres.
Os tomates geneticamente modificados carregam dez vezes mais antocianinas, em média, que a versão natural do fruto. Ainda não há, entretanto, estudos conclusivos que demonstrem efeitos benéficos do consumo dessas moléculas para o organismo humano.
Como foram criados os tomates roxos e para que servem
Modificações genéticas incorporam DNA de flores
1) Os frutos, tanto os de tamanho normal quanto tomates-cerejas, recebem dois genes obtidos da flor conhecida como boca-de-leão (Antirrhinum majus), espécie muito usada para fins ornamentais;
2) Os genes inseridos nos tomates são fatores de transcrição, ou seja, responsáveis por regular a ativação de outros genes. Os fatores de transcrição fazem com que os frutos passem a produzir e acumular grandes quantidades de antocianinas, pigmentos que conferem aos tomates a cor arroxeada;
3) Presentes em vegetais como amoras e mirtilos, as antocianinas parecem ter efeitos benéficos sobre o organismo, com propriedades anti-inflamatórias que teriam impacto positivo sobre doenças cardiovasculares e cânceres.
Fonte: Cathie Martin, Centro John Innes (Reino Unido)
Segundo Martin, a técnica usada para produzir os tomates hoje ainda é essencialmente a mesma de 2008.
"A principal mudança que aconteceu de lá para cá é que meu laboratório consegue fazer o chamado processo de transformação da planta com mais eficiência. É possível propagar os tomates roxos por meio de sementes, e esperamos que a aprovação do USDA permita que as pessoas plantem as sementes e cultivem seus próprios frutos", conta ela.
A pesquisadora diz que continua trabalhando na engenharia metabólica de tomates, com o objetivo de fazer com que a planta produza níveis mais altos de vitaminas e também o fármaco L-dopa, usado para tratar o mal de Parkinson, doença neurodegenerativa que afeta os movimentos dos pacientes.
Embora vegetais geneticamente modificados para o uso humano sejam bastante comuns no mundo e no Brasil hoje, a maioria deles sofreu alterações para aumentar sua resistência a pragas. Alterações que afetam as propriedades da planta são menos comuns.
Os EUA chegaram a aprovar um tomate transgênico, batizado de Flavr Savr (algo como "preservador do sabor") nos anos 1990. Ele amadurecia mais lentamente que as variedades convencionais, o que diminuiria perdas no transporte, mas o sucesso comercial não foi o suficiente para garantir o retorno dos investimentos, e o Flavr Savr deixou de ser produzido após alguns anos.
Segundo a Norfolk Plant Sciences, o tomate roxo tem propriedades semelhantes, continuando a ser comestível pelo dobro do tempo dos tomates convencionais.
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