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quinta-feira, 12 de maio de 2022

Polícia do RJ destrói memorial em homenagem aos mortos no massacre do Jacarezinho

A estrutura havia sido inaugurada na última sexta (6)

© Reprodução / Twitter - Joel Luiz Costa


RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil do Rio de Janeiro destruiu nesta quarta-feira (11) um memorial em homenagem aos 28 mortos no massacre do Jacarezinho. A estrutura havia sido inaugurada na última sexta (6), dia em que completou-se um ano da operação, a mais letal da história do estado.

O memorial continha placas com o nome de todas as vítimas, inclusive o do policial André Leonardo Frias. Vídeos e fotos que circulam nas redes sociais mostram agentes da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) atuando na destruição.

Uma corda foi amarrada em torno da estrutura e puxada por um caveirão da polícia para derrubá-la. Policiais também utilizaram marretas para quebrar o memorial.

Construída por movimentos sociais, a placa também afirmava que os mortos são "vítimas da política genocida e racista do estado do Rio de Janeiro, que faz do Jacarezinho uma praça de guerra, para combater um mercado varejista de drogas que nunca vai deixar de existir".

"Nenhuma morte deve ser esquecida. Nenhuma chacina deve ser normalizada."

Em nota, a corporação disse que o memorial era ilegal e que foi construído em homenagem a 27 traficantes –acusação falsa, segundo conclusão das investigações do Ministério Público. A Promotoria constatou que duas das vítimas não eram ligadas ao crime e foram atingidas por acaso durante os confrontos.

"O registro de ocorrência que definiu a diligência levou em consideração a apologia ao tráfico de drogas, uma vez que os 27 homenageados tinham envolvimento comprovado com atividades criminosas", afirmou a polícia.

A corporação também disse que a menção ao policial assassinado não teve autorização de sua família, "inclusive sendo negado pela esposa dele".

A investigação do massacre chegou ao fim com 24 das 28 mortes arquivadas, sem elementos suficientes para confirmar o que realmente ocorreu naquele dia.

"Tudo leva a crer que as versões apresentadas pelos policiais são coerentes. Mas, mesmo com essas provas, a gente não pôde na maioria dos casos cravar que houve legítima defesa. Nem dizer que o policial executou", disse à reportagem o promotor André Luís Cardoso, que coordenou a força-tarefa criada pela Promotoria para investigar o caso.

Nas redes sociais, defensores dos direitos humanos, lideranças de movimentos sociais e políticos de esquerda criticaram a destruição do memorial.

"Há uma dose de crueldade na derrubada do memorial das Vítimas da Chacina do Jacarezinho que diz sobre quem tem direito à memória neste país. E já respondo: não são as mães pretas", escreveu a deputada estadual Renata Souza (PSOL).

Em nota, o Observatório Cidade Integrada afirmou que as atividades promovidas na última semana no Jacarezinho tiveram como objetivo "mostrar que a violencia nao pode ser o unico caminho para o Estado se fazer presente nas favelas".

"Reforçamos que todas as vidas importam e que o Memorial é a representação do direito à memória que as famílias que perderam seus filhos têm, mesmo após o arquivamento das investigações sobre 24 das 28 mortes."

Ex-secretário de Polícia Civil e pré-candidato a deputado federal, Allan Turnowski comemorou a decisão da polícia. "Memorial de traficantes ilegal no chão. O respeito voltou", escreveu no Instagram.

Ao fim de abril, moradores alertaram que o governo havia apagado grafites em um muro na favela, passando uma tinta branca sobre os desenhos. Segundo a administração estadual, o ocorrido foi um erro de um funcionário durante uma reforma e será corrigido com uma nova arte.

O Jacarezinho é um dos laboratórios do Cidade Integrada, projeto lançado pelo governador Cláudio Castro (PL) a nove meses das eleições.

Segundo o governo, a ideia do projeto é retomar o território, assim como na favela da Muzema na zona oeste, e abrir caminho para obras e serviços, à semelhança das hoje decadentes UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).

Por um lado, o Cidade Integrada está prestes a entregar nove reformas na região, como um campo de futebol, quadra, praça, escola com piscina, centros de juventude e espaços para mulheres e empregos.

Por outro, parte da comunidade reclama que o projeto até agora não trouxe melhorias significativas no dia a dia e aumentou a sensação de insegurança. Relatam medo de circular à noite, criticam a queda no movimento dos comércios e, principalmente, denunciam a invasão de casas por policiais.

VIA...NOTÍCIAS AO MINUTO    

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